O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que não é intervencionista, nem quer fazer "as políticas que fizeram no passado", mas admitiu que ligou para o presidente da Petrobras pedindo explicações sobre a proposta de reajuste de 5,7% sobre o preço do diesel, solicitando que recuasse da decisão.
A fala aconteceu após a inauguração do novo aeroporto de Macapá, nesta sexta-feira (12). Essa foi a primeira visita do presidente ao Amapá, o único estado que não visitou durante a campanha eleitoral, segundo ele.
Bolsonaro disse que convocou funcionários da petroleira para conversar na próxima terça (16), para esclarecer a política de preços adotadas. Bolsonaro questiona o porquê de o aumento ficar acima da inflação, projetada para 5% em 2019, e citou os caminhoneiros para justificar a decisão.
— Não sou economista, já falei que não entendia de economia, quem entendia afundou o Brasil, tá certo? Estou preocupado também com o transporte de cargas no Brasil, com os caminhoneiros. São pessoas que realmente movimentam as riquezas, de norte a sul, leste a oeste e que têm que ser tratados com devido carinho e consideração. Nós queremos um preço justo para o óleo diesel — disse.
A categoria chegou a ameaçar uma nova greve este ano. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, na quinta (11), o líder dos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão, agradeceu a Bolsonaro pela decisão.
O presidente disse que precisa entender a política de preços da empresa. Segundo ele, quer perguntar a funcionários como o percentual é calculado, quanto custa um barril de petróleo que é retirado no Brasil em comparação com outros países.
— Onde é que nós refinamos, a que preço, a que custo, eu quero o custo final. Mostrar para a população também, que sempre critica o governo federal, o ICMS é altíssimo, tem que cobrar de governador também, não só do presidente da República — afirmou ele.
Depois do recuo, as ações da Petrobras tiveram queda de 7% na Bolsa nesta sexta.
Um dia após marcar os 100 dias de seu governo, Bolsonaro respondeu ainda sobre a demora para articular a reforma da Previdência no Congresso. Ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), eleito pelo Amapá, ele cobrou o Legislativo e retrucou um repórter que falou em "tempo perdido".
— Não sei a que você atribui tempo perdido, fiquei 17 dias dentro do hospital, fiz viagens internacionais extremamente importantes. Agora, o governo é muito grande e a responsabilidade nossa é do mesmo tamanho da do Legislativo.