O vice-presidente, general Hamilton Mourão, confirmou que partiu do presidente Jair Bolsonaro a decisão de que a Petrobras recuasse do reajuste do preço do óleo diesel, na quinta-feira (11). Segundo ele, a interferência nos preços da estatal é "pontual" e o governo não deve repetir política adotada pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
— Toda decisão tem fatores positivos e negativos. Eu não tenho domínio dos fatos todos que levaram o presidente a tomar essa decisão. Eu não sei quais são as pressões que ele estava sofrendo ou a visão que ele tinha do que poderia acontecer nesse exato momento com esse aumento um pouco maior do diesel, e que obviamente o levou a tomar essa decisão — disse Mourão em entrevista à rádio CBN na manhã desta sexta-feira (12).
As ações da Petrobras abriram em queda de mais de 5% nesta sexta, depois de a estatal petrolífera suspender o reajuste no preço do diesel horas depois de anunciá-lo, na quinta. O mercado financeiro entendeu o recuo como uma interferência do governo Bolsonaro na estatal, algo que foi duramente criticado durante a gestão de Dilma.
Durante a entrevista, Mourão disse que Bolsonaro deve ter optado pelo consenso e que certamente "não vai praticar a mesma política da ex-presidente". Mourão disse ainda acreditar que esse é um fato isolado.
— Justamente pelo momento que estamos vivendo. Eu tenho visto alguns dados que têm me chegado da pressão do lado dos caminheiros. Acredito que o presidente está buscando a melhor solução para equacionar o problema — afirmou.
O vice-presidente disse ainda que "em tese" há uma contradição de um governo que se autodenomina como liberal na economia fazer uma interferência na política de preços de uma estatal.
— Em tese, é. Agora, como eu respondi, os fatos que chegaram ao conhecimento do presidente não são do meu domínio, portanto eu acredito no bom senso dele e que tomou essa decisão buscando o bem maior.
Mourão não soube confirmar se a decisão de segurar o preço do diesel teve relação direta com a possibilidade de uma nova greve de caminhoneiros, como aconteceu no primeiro semestre de 2018, mas trata o tema como uma possibilidade.