Foi uma baita estreia. As gurias do Brasil dominaram o time do Panamá do início ao fim e encheram a gente de orgulho. Tenho 44 anos, gosto do esporte (apesar de ter levado 12 gols em um jogo, como contei aqui) e confesso que me emocionei nesta segunda-feira (24) - não só pela vitória em si, já esperada.
Vivi para ver a seleção feminina de futebol brilhar na TV aberta, na maior Copa do Mundo da história na modalidade, em um jogo narrado por uma mulher - pela primeira vez nessas circunstâncias.
Renata Silveira, colega de profissão, mandou bem demais na transmissão da Rede Globo/RBS TV e fez história, com segurança, vibração e conhecimento. Haverá um dia - espero - que isso não será mais algo a destacar, porque será "normal": uma mulher narrando um jogo de nível internacional entre mulheres.
E que timaço nós temos. Sem "mimimi" e sem ninguém precisar se jogar no gramado a cada cinco minutos.
Vibrei com o sucesso da maranhense Ary Borges. Com apenas 23 anos, ela foi decisiva, com três gols assinalados e um terceiro, dado de bandeja a Bia Zaneratto. E Ary não marca presença só nos gramados. Para quem não sabe, a meio-campista que joga nos Estados Unidos saiu em defesa do colega Vini Jr., em maio, quando ele foi vítima de racismo, lembra?
Ary também se posicionou sobre o caso Cuca. Seis dias depois de ter sido anunciado como técnico do Corinthians, ele renunciou ao cargo devido a uma série de protestos, principalmente de jogadoras e torcedoras, em razão de uma condenação por estupro no passado.
— Eu sempre quis ter exemplos no esporte que amo. A partir do momento que me tornei alguém que influencia outras pessoas, é o meu momento de ser aquilo que eu queria que fossem para mim — disse Ary, em uma entrevista concedida em maio ao Globo Esporte.
É isso. Não temos apenas ótimas jogadoras, mas também ótimas pessoas na nossa seleção feminina. Futebol também é exemplo.