Seis dias depois de ser anunciado, Cuca deixou o comando do Corinthians. O técnico fez um pronunciamento após a vitória em cima do Remo na noite desta quarta-feira (26), quando o time se classificou para a próxima fase da Copa do Brasil (veja a fala de Cuca no vídeo acima).
No discurso, Cuca afirmou que já havia tomado a decisão de sair do clube por ter sofrido "quase um massacre", mas que estava concentrado na partida.
— O que estou passando, e quero ser bem breve, porque não quero ser vítima de nada, é a pior coisa que um homem pode passar. Quando está em xeque a dignidade dele. Quando invade as redes sociais das filhas e mulher com ameaças e ofensas descabidas.
O agora ex-técnico do clube do Parque São Jorge foi alvo de protestos de torcedores e jogadoras desde que chegou no time. Ele foi condenado pela Justiça da Suíça por estupro em caso que ocorreu em 1987, na cidade de Berna — crime pelo qual ele nunca cumpriu pena e se diz inocente. Ele foi desmentido pelo advogado da vítima, que disse que a menina reconheceu o então jogador do Grêmio.
Na partida desta quarta (26), Cuca foi abraçado pelos jogadores. O fim do contrato e o desligamento do treinador foi decidido em comum acordo com o clube. Ele alegou que foi um pedido da família.
— Chega um momento em que, sinceramente... Eu vou fazer 60 anos no mês que vem, você pesa o que vale e o que não vale a pena na vida. Neste momento, quero fazer valer a pena minha família, a coisa mais importante que tenho no mundo. Não esperava a avalanche que aconteceu aqui. São coisas já passadas há muito tempo, ressurgidas como se tivessem acontecido hoje. Fui julgado e punido pela internet, entre aspas. Isso tem uma consequência muito grande — manifestou, ressaltando que contratou advogados para tentar se provar inocente.
O caso
Então jogador do Grêmio, Cuca foi detido em 1987 com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, sob a acusação de "manter atos sexuais" com uma menina de 13 anos em um hotel na Suíça.
Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Julgado à revelia e condenado, ele não cumpriu pena, e o caso prescreveu. Em depoimentos à época, a vítima narrou ter sido segurada à força pelos quatro jogadores do Grêmio. O processo está sob sigilo protegido pela lei de proteção de dados da Suíça.
O técnico afirmou ser "totalmente inocente", disse ter "vaga lembrança" do episódio, revelou arrependimento por ter falado pouco sobre o assunto e prometeu "passar por cima" dos protestos contra a sua contratação. "Sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro. Eu não fiz nada", defendeu-se Cuca.