Eles são formados em Biologia, Ciência Política, Produção Fonográfica e Enfermagem, mas têm algo em comum no caminho que escolheram trilhar. Marcus Ceratti, 34 anos, Henrique Zimmer, 33, Aluísio Cabreira, 34, e Charles Kermaunar, 32 anos, abriram mão de suas carreiras pela vocação ao sacerdócio.
Os quatro serão ordenados padres na Arquidiocese de Porto Alegre em 2022. O primeiro deles será Ceratti, nesta sexta-feira (27), às 20h, no Santuário Nossa Senhora do Trabalho, zona norte da Capital, pelas mãos do arcebispo metropolitano Dom Jaime Spengler. No local, onde foi catequista, Ceratti também irá rezar sua primeira missa, no domingo, às 10h.
— Será um momento especial. Neguei por muito tempo a minha vocação, mas chega uma hora que não dá para resistir. Quero corresponder ao amor de Deus e trabalhar próximo às famílias e aos jovens — diz o futuro padre.
Kermaunar será ordenado em 12 de junho, no Santuário São Cristóvão (Canoas), Zimmer no dia 26 de junho, na Paróquia São João Batista (Porto Alegre) e Cabreira em 3 de julho, na Paróquia Menino Deus (Capital).
Biólogo e futuro sacerdote
Marcus Ceratti será ordenado no mesmo local onde fez catequese e crisma - e passou boa parte da infância e da adolescência. Ainda jovem, optou por cursar Biologia e se formou em 2009, mas jamais esqueceu a vocação religiosa.
Mesmo durante o tempo em que trabalhou como biólogo, a inquietação pela vida sacerdotal permaneceu ativa.
— Eu fui catequista, e a ideia de ser padre sempre mexeu comigo, até que chegou o momento de decisão e, finalmente, ingressei no seminário. Desde que fiz isso, vivi alguns dos melhores momentos da minha existência — conta Ceratti.
Da Ciência Política à Igreja
Charles Kermaunar é sul-mato-grossense de Fátima do Sul, onde fez sua iniciação na Igreja Católica. Seus pais eram muito atuantes na paróquia, mas o interesse do jovem se voltou para outra área.
— Quando eu era criança, meu pai trabalhava em campanhas políticas e eu gostava de estar com ele mais do que estar na catequese, a ponto de rodar por falta — lembra, com bom humor, o futuro sacerdote.
A paixão pela política trouxe Kermaunar ao RS para estudar na área. Ele se formou em Ciência Política em 2010, ingressou no mestrado e chegou a exercer a atividade de assessor parlamentar na Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS).
— Eu não vim ao RS para ser padre. Me questionei muito e não foi fácil tomar a decisão. Contei com o apoio dos amigos, dos padres que me orientaram no discernimento, dos meus amigos de paróquia, para enfim me dedicar inteiramente a Deus — diz.
Tocado pela música e pela fé
Trabalhar com música era o sonho de Henrique Zimmer ao fazer o curso de formação de Produtores e Músicos de Rock na Unisinos - que hoje se chama Produção Fonográfica.
— Cheguei a formar uma banda com os amigos, tocava baixo. Trabalhei em estúdio, em teatro também. Em 2010, gravamos um material que acabou ficando na gaveta — relembra.
Após se formar, Henrique foi retomando aos poucos a vivência na Igreja, depois de um tempo de afastamento durante a adolescência. O despertar para o sacerdócio surgiu aos poucos.
— Muito importante foi o ano de 2013, quando ocorreu a Jornada Mundial da Juventude. Lembro que 25 jovens ingressaram no seminário naquela ocasião. Foi um período de muita empolgação — recorda Zimmer.
Da Enfermagem ao altar
Uma das missões dos sacerdotes é cuidar da vida espiritual dos fiéis. Antes de ingressar no seminário, Aluísio Cabreira foi enfermeiro na Santa Casa de Porto Alegre. Ele conta que o desejo de ser padre sempre esteve presente, mas, ao deixar São Gabriel para estudar enfermagem, a prioridade era a formação.
— Em 2007, na paróquia da Boa Viagem (em Cachoeirinha), o padre Jacques Rodrigues me perguntou diretamente se eu não pensava nessa possibilidade (do sacerdócio). Alguns anos depois, acabei dando o meu "sim" — conta Aluísio.
A profissão e a vida na Igreja se cruzaram nos corredores da Santa Casa em 2012. Na ocasião, estava internado, para tratamento de um câncer, o seminarista da Arquidiocese de Porto Alegre Douglas Szortyka Rodrigues - irmão do padre Jacques. Um episódio no convívio com o seminarista marcou a vida de Aluísio.
— Ele (Douglas) sequer podia receber a comunhão, de tão fraco que estava, mas a fé daquele jovem me tocou profundamente — conta Cabreira.