A reconstrução da ponte de ferro sobre o Rio das Antas, em Nova Roma do Sul está gerando divergências. O Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentações e Obras de Terraplanagem do Rio Grande do Sul (Sicepot) manifestou preocupação com a possibilidade de utilização dos mesmos pilares no reerguimento da estrutura, que foi levada pela força das águas em 4 de setembro.
O presidente do Sicepot vê boa intenção da comunidade e da prefeitura, mas alerta para a necessidade de se buscar responsabilidade na reconstrução. Rafael Sacchi se diz preocupado também porque essa ponte receberá mais carga, mesmo tendo sido projetada para suportar menos. Somente após um estudo apurado das condições do pilar central - que tem quase 100 anos - é que se poderia avaliar a possibilidade deles serem reaproveitados.
- Estamos muito preocupados com essa situação. Essa solução pode ser catastrófica. Sabemos que o Município está sofrendo absurdamente com a falta de acesso, mas não adianta fazer uma solução de engenharia que não foi precedida dos devidos estudos técnicos e que não atenderá à pleno a demanda da região - destaca Sacchi, que diz ter colocado o sindicato à disposição ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
Outro apontamento feito pelo sindicato é que essa ponte projetada só teria 1,5 metro a mais de altura do que a estrutura antiga, quando os novos estudos hidrológicos indicam a necessidade dela ter três vezes mais do que isso, a fim de evitar que uma nova enchente volte a afetar a travessia.
Por fim, se o decreto de situação de emergência for usado pela prefeitura nesta reconstrução, Sacchi lembra que o mesmo não poderá ser feito pelo governo gaúcho, que planeja uma travessia com 180 metros de extensão. Além disso, a ponte será feita na diagonal, ao contrário da antiga que era reta. A mudança ocorre para encaixá-la nos acessos da rodovia existente de um lado e de outro do rio.
- A construção da ponte em diagonal se dá exclusivamente para encaixar ela nos acessos da rodovia existente de um lado e de outro do rio. Os acessos precisam ter raio de curva adequado para que veículos de maior porte possam efetuar curvas. Outro fator que impacta na disposição da nova ponte é a condição geotécnica do solo, que receberá as cabeceiras da ponte. Isso deve ser muito bem estudado para não gerar um valor de investimento gigantesco em obras de contenção, uma vez que, na região, existe muito solo coluvionar (que se desloca pela ação da gravidade) - explica Sacchi.
O prefeito Douglas Pasuch critica o Sicepot. Reclama que o sindicato nem esteve no local para dizer que o pilar apresentava risco. Disse também que repassou dados técnicos como a vasão do Rio das Antas.
- Nós temos todos os laudos que eles estão mencionando aí. Nós (somos) uma comunidade desesperada, que não temos acesso ao hospital. A nossa economia vai acabar. (Aí) vem um sindicato e emite uma nota covarde, como emitiram, chamando nós de aventureiros. Nesse momento, eles deviam ter dado um projeto para nós, nos auxiliado - desabafa o prefeito.
Obra em três meses
A Associação dos Amigos de Nova Roma do Sul pretende arrecadar R$ 6 milhões e concluir a obra até o final de janeiro de 2024. Até agora, o grupo já coletou R$ 658 mil. O pré-projeto, aprovado na primeira reunião, aponta que a nova ponte suportará até 45 toneladas e será uma réplica da que foi levada pela enchente.
O prazo de liberação do tráfego entre Nova Roma do Sul e Farroupilha é 11 meses menor do que o tempo estimado pelo governo do Estado. O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) pretende fazer uma nova ligação sobre o Rio das Antas.
Dobro do deslocamento
Hoje, os moradores de Nova Roma do Sul que precisam ir até Farroupilha, ou utilizar o município vizinho como passagem para se deslocar até outras cidades, percorrem o dobro do caminho. De acordo com o prefeito Douglas Pasuch, os prejuízos econômicos giram em torno de R$ 150 mil com a ponte interditada.
A Associação dos Amigos de Nova Roma do Sul está trabalhando no desenvolvimento do projeto. A expectativa é que na semana que vem já seja possível iniciar o corte dos ferros que serão usados na obra.