Proposital ou não, desde que o prefeito Sebastião Melo anunciou que esperava uma solução para resolver o abandono do estádio Olímpico, as peças desse intrincado jogo de xadrez se mexeram. O assunto ainda é tratado com discrição.
Publicamente, ninguém ainda se manifesta. Qualquer palavra mal dita pode melindrar os vários envolvidos ou atrapalhar essa negociação.
Porém, o que a coluna apurou é que encontros entre as construtoras e a prefeitura de Porto Alegre já foram realizados. Deles saiu o entendimento de se buscar uma proposta que evite um embate jurídico.
Das construtoras envolvidas, a única que ainda não se manifestou foi a Metha, antiga OAS. As demais empresas já se articulam para formalizar o que está sendo proposto nas reuniões.
Um novo encontro está agendado para ocorrer na próxima semana, quando se espera que mais detalhes sejam revelados pelas construtoras. Ainda é cedo para dizer se essa movimentação será suficiente para amarrar as pontas soltas. Mas o que Melo já conseguiu foi fazer mexer os aguapés.
Essa será a sétima tratativa construída desde 2012. As seis tentativas anteriores tiveram desfecho negativo.
O Grêmio não está participando, e se for chamado, não deverá mais apresentar garantias suas para concretizar o negócio.
- Não, sem garantias. O viés é de compra, ainda que seja muito difícil de concluir. Mas não vejo mais possibilidade disso, por falta de consenso agora- presidente Romildo Bolzan Júnior.
Aperto do prefeito
Em agosto, Melo prometeu desapropriar o Olímpico caso a demolição do estádio não fosse retomada. O projeto sobre o assunto chegou à Câmara de Vereadores em setembro. A prefeitura e o Ministério Público também recorreram ao Superior Tribunal de Justiça para destravar as obras do entorno da Arena do Grêmio.
No Rio Grande do Sul, o processo na Justiça que acompanha o acordo entre as partes, que estava parado desde o começo do ano, voltou a ter acompanhamento de um magistrado. A troca de juiz foi citada como uma das razões pela demora na retomada das negociações.
Além disso, os bancos financiadores da construção da Arena também se movimentaram. A petição que tramita na 37ª Vara Cível de São Paulo é assinada pelo Banrisul, Banco do Brasil e Santander. As três instituições financeiras cobram R$ 226,39 milhões por terem liberado recursos para a construção.
Dos R$ 210 milhões financiados para a construtora OAS, R$ 66 milhões foram pagos. A última parcela foi repassada em 2014.