Acabou a enrolação. A prefeitura de Porto Alegre decidiu acabar com a estagnação que envolvia as obras do entorno da Arena do Grêmio. Aliás, há quase um ano, a coluna alertava que isso ocorreria.
Contrariado também com o abandono do estádio Olímpico, o prefeito Sebastião Melo está pedindo providências imediatas. Se nada ocorrer, já decidiu qual estratégia será seguida.
Um grupo de trabalho foi criado na prefeitura para rever a atual valorização da área do Olímpico. Em 2009, a Câmara de Vereadores aprovou lei do Executivo, que criava um regime urbanístico para o terreno da Azenha.
O documento autorizava a construção de torres comerciais. O terreno vale hoje mais de R$ 200 milhões. A lei não estipulava quando as obras deveriam começar.
A ideia agora é determinar um prazo. Caso não seja obedecido, O regime urbanístico é revogado, o que acaba depreciando o valor do terreno. Se mesmo assim nada for feito, Melo avalia que a prefeitura poderá até desapropriar a área e vendê-la. Hoje, o terreno é de propriedade do Grêmio, que aguarda receber a gestão da Arena para repassar o seu antigo estádio para a construtora.
- O que não posso, como prefeito de Porto Alegre, é suportar esse descaso da OAS com a cidade. Isso não pode acontecer. Virou um sítio abandonado, com drogadição e insegurança para o bairro - reclama Melo.
Junto com as obras no Olímpico, a ideia é pressionar para a retomada das melhorias no entorno da Arena.
- Os alagamentos continuam um problema seríssimo no entorno da Arena. E não é só alagamento. É questão viária, desassoreamento de arroio. Vamos executar o acordo que foi feito e não está sendo cumprido. A prefeitura não pode ser refém de qualquer empresa - destaca o prefeito.
Um acordo firmado na Justiça, em abril de 2021, previa uma série de ações que resultariam em melhorias tanto para a região do bairro Farrapos, onde está o estádio, quanto para a área do Olímpico, na Azenha. Nele, o Grêmio assumiria a gestão da Arena e repassaria em definitivo para a OAS o antigo terreno do Tricolor.
- Acho que é uma medida bastante relevante e importante. E, de certa forma, dá uma visão definitiva daquilo que o poder público imagina sobre aquela área. Na verdade, a inadimplência é da OAS e ela precisa dar solução para todas as questões que deixou pendente. Não finalizou as questões das propriedades da Arena e tampouco do Olímpico, não fez as contrapartidas, não pagou os bancos. Até o presente momento, a gente estava aguardando uma posição mais firme, mais clara, mais pró-ativa da prefeitura. E essa pró-atividade ajuda muito a terminar essa ronha e essa situação que temos de pendência. Vejo com muitos bons olhos essa ação da prefeitura - comemora o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan.
Procurada, a construtora OAS ainda não se posicionou. O acordo que tramita na Justiça está sob sigilo desde dezembro do ano passado. Dessa forma não é possível acompanhar quais as tratativas atuais.