Cansada de esperar por uma decisão da Caixa Econômica Federal, a direção do Grêmio já se articula para assumir a responsabilidade sobre as obras do entorno da Arena. Entre os trabalhos que precisam ser realizados estão a duplicação da avenida A. J. Renner, melhorias na rede de água e esgoto para atender futuros empreendimentos na região, reforma das paradas de ônibus locais e a construção de ciclovia.
A responsabilidade estava nas mãos da Karagounis, mas a empresa está há quase sete meses tentando que o banco aceite a proposta de garantias que foi apresentada à Justiça. A Caixa têm se mostrado reticente em aprovar , o que travou as negociações. A posição da Caixa é importante porque ela é uma das sócias da Karagounis, junto com a OAS, na construção de 900 apartamentos, distribuídos em sete torres residenciais, dentro do complexo da Arena.
Em abril, a empresa se comprometeu a executar as obras do entorno da Arena e ofereceu como garantia principal uma área anexa ao estádio, avaliada em R$ 32 milhões. Ela também propôs fazer depósito antecipado, em conta judicial no nome do Município de Porto Alegre, no valor de R$ 1 milhão e hipotecar apartamentos de um dos empreendimentos residenciais que construiu. Os valores somados totalizam R$ 6 milhões e foi apresentado caso a empresa não consiga honrar com os custos de desapropriações e reassentamentos.
Diferente da Karagounis, ou da OAS, o Grêmio não teria dificuldades de apresentar garantias à Justiça. Tendo o aceite da 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, do Ministério Público Estadual e da prefeitura, o clube poderia dar o segundo passo, tão aguardado pelo presidente Romildo Bolzan: antecipar a compra da gestão da Arena.
Em 29 de outubro, quando foi aclamado pelo Conselho Deliberativo para mais um mandato como presidente, Bolzan já indicava que o Tricolor já caminhava para uma proposta sem contar com a Caixa.
- Instituições bancárias sempre foram aquelas que buscaram salvar as operações financeiras. Para não ter prejuízo. Pra mim sempre foi isso. Parece que agora invertemos a ordem. Mas não há problema. Temos que respeitar os processos de cada entidade envolvida nisso. E nós vamos buscar as alternativas para isso - disse Bolzan na ocasião.
O que ainda não está definido é quanto o Grêmio irá pagar para a OAS para ficar com a Arena em definitivo. O clube paga hoje em torno de R$ 1,7 milhão por mês pelo uso do anel superior da Arena, o espaço destinado aos sócios do clube.
A partir do término das negociações, esse valor deixa de ser pago à OAS e parte dele passa a ser destinado aos bancos envolvidos na construção do estádio. O montante que ainda precisa ser pago é de aproximadamente R$ 200 milhões. Porém, os bancos irão cobrar R$ 113 milhões.
Desse total, R$ 53 milhões virão de um empréstimo que o Grêmio irá tomar. Essa dívida será diluída em pagamentos mensais que ocorrerão ao longo de seis anos. Outros R$ 60 milhões virão da venda da área do estádio Olímpico.
Um cálculo feito anteriormente, sem a participação do Tricolor nas obras do entorno, indicava que a OAS ainda receberia R$ 850 mil por mês durante os seis anos posteriores a quitação do empréstimo. Mas este montante está sendo recalculado.