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O movimento que a direção do Grêmio faz para antecipar a gestão própria da Arena não é apenas para dizer que a administração do estádio é 100% sua. O tricolor pretende ganhar dinheiro, em vez de, como acontece hoje, ter que empenhar parte da sua arrecadação pelo uso da Arena e destiná-la à empresa montada pela construtora OAS.
Fosse só a negociação envolvendo o clube, a empresa e seis instituições financeiras, o processo até não seria tão complicado. A grande dificuldade é a demora em resolver as obras no entorno da Arena, que estão paradas há quatro anos. A direção tricolor começou a auxiliar na negociação a partir de novembro de 2018. Exatamente a partir deste período, os principais nós começaram a ser desatados.
Foram superados entraves com Tribunal de Contas, Ministério Público e Tribunal de Justiça. Ainda restam algumas questões não menos importantes.
A homologação da Caixa Econômica Federal é esperada para sacramentar a retomada das obras do entorno, o que garantirá a transferência definitiva da gestão da Arena para o Grêmio.
A engenharia financeira do negócio
O Grêmio paga hoje em torno de R$ 1,7 milhão por mês pelo uso do anel superior da Arena, o espaço destinado aos sócios do clube.
A partir do término das negociações, esse valor deixa de ser pago à OAS e parte dele passa a ser destinado aos bancos envolvidos na construção do estádio.
O montante que ainda precisa ser pago é de aproximadamente R$ 200 milhões. Porém, os bancos irão cobrar R$ 113 milhões.
Desse total, R$ 53 milhões virão de um empréstimo que o Grêmio irá tomar. Essa dívida será diluída em pagamentos mensais que ocorrerão ao longo de seis anos. Outros R$ 60 milhões virão da venda da área do estádio Olímpico. A OAS ainda receberá R$ 850 mil por mês durante os seis anos posteriores a quitação do empréstimo.
Lucrando com a Arena
A venda de camarotes e cadeiras que hoje são comercializados não reverte para o Grêmio. A intenção do clube é, a partir da compra da gestão, anunciar uma intensa campanha de captação de novos sócios, usando como garoto-propaganda o técnico Renato Portaluppi.
O presidente Romildo Bolzan já anunciou que o clube pretende resolver a situação ainda em 2019. Caso contrário, o Grêmio abandona a negociação e adiará o interesse dos bancos em voltar a receber pelo investimento que fizeram ao liberar dinheiro para a OAS.