A manhã nublada desta quinta-feira (24) foi de luto e dor para a família de Eugênio Crippa, 74 anos. Junto dos dois filhos, Edson e Everton, ele foi velado e sepultado, em São Leopoldo, no Vale do Sinos.
A dor da perda foi acentuada pela forma trágica como as mortes dos três aconteceram entre a noite de terça-feira (22) e a madrugada de quarta-feira (23), em Novo Hamburgo. Edson Fernando Crippa, 45, efetuou mais de cem disparos contra policiais e familiares, após um desentendimento com os pais. Eugênio, o pai, e Everton Luciano Crippa, 49, irmão do atirador, que morava em São Paulo e visitava a família, foram atingidos e morreram.
O velório teve início às 7h, na Funerária Pereira, no bairro Feitoria, em São Leopoldo. Familiares e amigos estavam emocionados ao redor dos três caixões, que foram posicionados enfileirados.
— Foi algo completamente inesperado — comentou uma tia dos rapazes, irmã de Eugênio.
Segundo ela, o sobrinho, Edson, era tranquilo, apesar das questões de saúde mental. O atirador sofria de esquizofrenia. Conhecidos dizem que ele trabalhou como caminhoneiro até dois anos atrás.
Amigos da família que estavam no local comentaram que Everton fez aniversário no dia 16 de outubro. Ele e a esposa, Priscilla Martins, 41, vieram de São Paulo, onde ele morava e trabalhava, para celebrar com a família o aniversário dele e o da da mãe, Cleris Crippa, 69, que seria neste final de semana.
O casal não tinha filhos. Priscila e Cleris também foram baleadas e seguem internadas na UTI do Hospital Centenário, em São Leopoldo.
Por volta de 11h30min, todos deram as mãos para participar de uma oração coletiva em torno das urnas funerárias. Na prece, pediram pelas almas dos três familiares.
Após o momento de oração, uma chuva intensa teve início, acompanhada de rajadas de vento. Pouco antes do meio-dia, um forte estrondo foi ouvido e um clarão despontou no horizonte. As luzes no interior da funerária se apagaram. Algumas pessoas foram embora. Após alguns minutos, a energia retornou.
Às 13h40min, um padre chegou ao local. Uma celebração religiosa foi realizada e, às 14h30min, os caixões foram lacrados. A chuva cessou e o sol, ainda que timidamente, brilhou no céu. Um cortejo percorreu os seis quilômetros entre a funerária e o Cemitério Municipal Cristo Rei, onde os corpos foram enterrados, na mesma sepultura, às 15h30min.
Momentos antes do sepultamento, a Brigada Militar confirmou a morte do policial Rodrigo Weber Volz, que estava internado em estado grave no Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Além dele, o soldado Everton Ranieiri Kirsh Júnior também foi vítima dos disparos efetuados por Edson Fernando Crippa. Outras oito pessoas seguem hospitalizadas, sendo três em estado grave.