A Polícia Civil está terminando a fase de oitiva de testemunhas no caso João Alberto Freitas, morto após ser espancado por seguranças do hipermercado Carrefour do bairro Passo D'Areia, zona norte de Porto Alegre. Na tarde desta quinta-feira (26), durante coletiva de imprensa no Palácio da Polícia, a delegada Roberta Bertoldo confirmou que foram ouvidas até agora 34 pessoas.
Entre elas, estão os suspeitos, a esposa da vítima, funcionários do estabelecimento, como seguranças e pessoas que trabalham no caixa, além de clientes que estavam no local na noite da última quinta-feira (19), quando o crime ocorreu. Falta apenas ouvir a última pessoa da lista: o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva. O depoimento dele está marcado para a tarde de sexta-feira (27).
O advogado David Leal, que defende Silva, informou a delegada que seu cliente responderá às perguntas que forem feitas durante o depoimento. Será a segunda vez que ele vai ser interrogado, já que no dia do crime prestou informações, quando estava sendo preso em flagrante.
Para a delegada, o depoimento de policial militar é peça-chave na investigação:
— Nós esperamos amanhã (sexta-feira) esclarecer muitos aspectos sobre o que eles conversaram uns com os outros em todo aquele trajeto. Todos nós, aqui, nos perguntamos e pensamos sobre isso, então é algo que vamos conseguir, ou esperamos, identificar, já que nas imagens que coletamos não conseguimos captar o áudio, apenas aqueles coletados por populares.
Outros depoimentos só devem ser solicitados caso Silva aponte o nome de outras pessoas que a polícia julgue necessário ouvir.
Junto na coletiva, o diretor da Divisão de Homicídios, delegado Eibert Moreira Neto, contou que o foco dos últimos interrogatórios foi entender como era o tratamento da equipe de segurança. Além disso, foram também analisadas cerca de 10 horas de câmeras de seguranças que foram fornecidas pelo mercado à polícia.
— A partir dessas imagens, nós conseguimos verificar situações que nos chamam a atenção para a investigação, e a partir dessa identificação nós chamamos pessoas para prestar depoimentos — disse.
Questionado sobre o que chamou a atenção, Eibert rebateu:
— Os seguranças, naquele dia, alegam que a vítima teria provocado distúrbio no supermercado. Então procuramos situações similares de distúrbio para ver qual a conduta dos seguranças e como é feita a abordagem a esses clientes, não só com João Alberto como com outras pessoas. A conclusão a gente vai informar no final do inquérito.
No final da tarde desta quinta, a juíza Cristiane Busatto Zardo concedeu o pedido da Polícia Civil para que a investigação seja prorrogada por 15 dias, justificando que o caso é complexo.
A magistrada também se posicionou sobre o pedido de revogação da prisão de Adriana Alves Dutra, a fiscal de caixa que aparece nas imagens impedindo outras pessoas de se aproximarem. A juíza disse que a Penitenciária Feminina de Guaíba, onde a mulher está presa, está tomando todas as medidas de prevenção ao coronavírus, mas solicitou à delegada que se manifeste sobre a necessidade de manter Adriana presa.
Outro homem preso é Magno Braz Borges. O advogado dele, Jairo Cutinski, já adiantou que usará o direito constitucional de permanecer em silêncio e só falar durante o processo.