Em termos médicos, o colesterol é uma substância lipídica, ou seja, uma gordura. Presente naturalmente no organismo, ele desempenha papéis importantes no funcionamento do corpo. Porém, quando em níveis elevados, pode ser um grande inimigo para a saúde.
O corpo humano fabrica de maneira autônoma parte dessa gordura e, por isso, é importante controlar os alimentos consumidos, já que eles devem ser complementares a essa produção de gordura — e não sobrecarregar o organismo. As altas taxas de colesterol podem acarretar em uma série de doenças com consequências graves.
De acordo com o diretor médico do Hospital Mãe de Deus, o médico intensivista e cardiologista Euler Manenti, na década de 1950, nos Estados Unidos, a principal causa de morte eram eventos cardiovasculares como a hipertensão, a insuficiência cardíaca, o acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto agudo do miocárdio.
— Naquela época, nós não conhecíamos bem os fatores de risco para o desenvolvimento do ataque cardíaco e algumas coisas do derrame, também. Então, começaram os estudos e o acompanhamento dos pacientes, e vimos que existia associação entre o aumento dos níveis de colesterol e o aumento de eventos cardiovasculares — conta o cardiologista.
Assim como o colesterol alto, a pressão alta e o tabagismo também corroboram para o aumento de risco de ataque cardíaco. No entanto, atualmente, a maior parte das doenças cardiovasculares é atribuída aos níveis altos de colesterol. Ainda conforme o especialista, a origem do colesterol alto pode estar em uma dieta com alto teor de gorduras saturadas e com muitos alimentos ultraprocessados ou por uma disfunção dos mecanismos que regulam os níveis de gordura no corpo, que, na maioria dos casos, são genéticas.
Quais os sintomas do colesterol alto
Apesar dos grandes riscos, o colesterol alto é um problema silencioso. Por não apresentar sintomas, sinais ou indícios, a única maneira de monitorar os seus níveis é fazendo exames periódicos. Por causa disso, Manenti destaca que o mais importante é que as pessoas tenham sempre consciência sobre os riscos do colesterol e tenham um controle dos seus níveis. Para os cardiologistas, quanto mais baixo o nível de colesterol, melhor — ou então, quanto mais cedo os altos índices forem identificados, melhor.
— Muitas vezes eu pergunto “qual é o número da tua carteira de identidade?" e a pessoa diz um número. Se eu pergunto “qual é o número do teu colesterol?”, a pessoa não sabe — exemplifica Manenti.
Pessoas que já tiveram um ataque cardíaco são as que mais devem ter cuidado com o teor de colesterol no organismo. Estes pacientes, assim como os diabéticos, têm um risco muito maior de sofrer uma nova complicação no coração.
De maneira simples, a avaliação dos níveis de colesterol é feita através de exames de sangue em que os médicos monitoram todas as frações dessa gordura. São elas: o colesterol total, o HDL e LDL.
O HDL é o "colesterol bom", e é essencial para a síntese de hormônios, vitamina D, ácidos biliares, reações imunológicas alérgicas ou anti-inflamatórias. Já o LDL, quando em excesso, forma placas de gordura que comprometem a saúde e a qualidade de vida. Por isso, ele é considerado colesterol ruim.
Para ter como referência, se considera o diagnóstico quando os níveis de colesterol estão acima de 250 mg/dl; com o LDL que ultrapassa 160 mg/dl e o HDL abaixo de 30 mg/dl. No entanto, Manenti destaca que estes valores podem variar bastante de paciente para paciente. O grau de risco cardiovascular que o indivíduo apresenta influencia muito no nível de colesterol seguro para a saúde.
— Esses são os valores médios para pacientes sem eventos. Pacientes que já são considerados de muito alto risco, por já terem tido um ataque cardíaco ou terem diabetes, por exemplo, precisam manter os níveis de colesterol extremamente baixos — explica o médico.
Pessoas de baixo risco são as que têm menos de 5% de chances de desenvolver um problema cardiovascular em 10 anos. Já as de risco intermediário são as que ficam entre 5% até 20% de chances em 10 anos. Por fim, quem tem mais de 20% de chances de apresentar doenças cardiovasculares no mesmo período é considerado de alto risco. Essas porcentagens são calculadas em consultas clínicas.
Conforme o cardiologista, uma boa saúde cardiovascular passa por oito pilares. Controlar o açúcar no sangue, controlar a pressão arterial, evitar o tabagismo, praticar atividade física, controlar o colesterol, manter uma dieta saudável, evitar o sedentarismo e manter uma boa qualidade de sono são medidas que podem ajudar a evitar o aumento de risco no desenvolvimento de problemas cardiovasculares.