O Instituto Butantan protocolou nesta segunda-feira (16) o pedido de registro da Butantan-DV, vacina contra a dengue, junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
— Essa vacina representa uma inovação em vários aspectos. Se considerarmos o tempo necessário para o seu desenvolvimento, que é uma vacina brasileira, e a escalonagem das doses que conseguimos produzir, o resultado foi realmente impressionante — afirmou nesta segunda-feira (16) ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, o diretor de Assuntos Regulatórios e Qualidade do Instituto Butantan, Gustavo Mendes.
O imunizante é o primeiro contra a dengue que pode ser aplicado em dose única. De acordo com o diretor, a vacina deve estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda no primeiro quadrimestre de 2025.
— Agora, as próximas etapas incluem a avaliação por parte da Anvisa, que já iniciou a análise desde o começo do ano. Após a aprovação da Anvisa, ainda haverá a etapa de definição de preço, realizada por uma câmara específica de medicamentos, e, por fim, a incorporação ao SUS, por meio da Conitec. Nossa expectativa é que, já nos próximos meses, no primeiro trimestre do ano que vem, todas as autorizações estejam concluídas — detalhou.
Por sua aplicação única, a vacina começa a proteger entre 10 e 15 dias após a administração e mantém sua eficácia, principalmente contra os sorotipos 1 e 2, por pelo menos 3,7 anos. Tetravalente, o imunizante oferece proteção contra os quatro sorotipos do vírus da doença e é indicado para pessoas entre dois e 59 anos.
— A disponibilidade para todas as faixas etárias depende de questões logísticas e orçamentárias. Por isso, só poderemos definir quem começará a receber a vacina após termos todas as autorizações necessárias. É importante destacar que já daremos início aos estudos voltados para a população idosa, que sabemos ser um grupo que demanda atenção especial. Nossa expectativa é que, ao longo de 2025, consigamos obter os resultados desses estudos, permitindo ampliar a vacinação para essa faixa etária, que atualmente está desassistida — pontuou Mendes.
De acordo com o Butantan, os testes da fase dois demonstraram uma eficácia geral de 79,6% na prevenção de casos sintomáticos de dengue. Já na fase três, a vacina apresentou uma eficácia de 89% contra casos graves ou com sinais de alerta, além de manter segurança e proteção prolongadas por até cinco anos.
Se aprovada pela Anvisa, o Butantan estima entregar 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde em três anos.