Árvores e fios caídos, acessos e vias bloqueadas, trechos de escuridão absoluta, escassez de gelo e água em supermercados e torneiras secas. Esse é o panorama com o qual convivem moradores de diferentes bairros de Porto Alegre, desde a passagem da tempestade que atingiu o Estado na última terça-feira (16).
Esgotada pela falta de luz e água, a população organizou pelo menos 25 protestos de norte a sul da cidade entre quarta (17) e esta quinta, segundo a Brigada Militar, pedindo o restabelecimento dos serviços. Segundo o superintendente da CEEE Equatorial, Sergio Valinho, o serviço deve ser normalizado plenamente até domingo (21). A previsão anterior era entre sexta-feira (19) e sábado (20).
O Comando Militar do Sul deslocou 40 militares para auxiliar a prefeitura de Porto Alegre na remoção de árvores caídas. Nesta manhã, a limpeza ocorreu nos bairros Ipanema e Azenha. À tarde, no Nonoai. A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) registrou pelo menos 500 ocorrências de árvores caídas em Porto Alegre. Destas, 300 já foram removidas pelas equipes de limpeza, que permanecem mobilizadas.
O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) não divulgou estimativa de quantas pessoas permanecem sem água em Porto Alegre. Pela manhã, o último balanço foi de 300 mil imóveis desabastecidos. Conforme o órgão, 35 das 87 estações de bombeamento de água tratada ainda estão com problemas de energia ou nível abaixo do ideal para operação. A previsão de normalização do sistema é de até 48 horas.
Das 134 unidades de saúde de Porto Alegre, 62 ficaram sem energia elétrica. Conforme a prefeitura, elas seguiram funcionando. Além disso, 84 postos operaram com algum tipo de restrição, incluídos, além da falta de luz, desabastecimento de água e a ausência de sinal de internet.
Poder Público cobra CEEE Equatorial
A atuação da CEEE Equatorial no atendimento aos clientes atingidos pelo vendaval foi parar na Assembleia Legislativa (AL) e na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. No Legislativo da Capital, a CPI proposta pela vereadora Cláudia Araújo (PSD) recebeu apoio de 24 vereadores — o mínimo seria 12 — de diferentes partidos. Na AL, a investigação foi proposta pelo deputado Miguel Rossetto (PT) e ainda não há informações sobre apoio pluripartidário à CPI.
No início da tarde, o prefeito Sebastião Melo, que havia reclamado da dificuldade de comunicação com a CEEE Equatorial, participou de uma reunião na sede da empresa. No encontro, ficou combinado que a Equatorial terá uma linha direta com o Dmae e a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos para receber as demandas prioritárias do Executivo.
Ainda nesta tarde, o presidente da CEEE Equatorial, Riberto José Barbanera, participou de reunião na sede institucional do Ministério Público estadual (MPRS), em Porto Alegre. No encontro, o procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, pediu maior agilidade no reestabelecimento da energia aos consumidores afetados, melhoria na comunicação e no atendimento à população, além de facilitação no acesso ao ressarcimento por eventuais prejuízos provocados pela falta de luz.
A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (DPRS) também encaminhou um ofício para a CEEE Equatorial em busca de informações e providências com relação à demora para o restabelecimento da energia elétrica.
Em entrevista ao programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, o superintendente da CEEE Equatorial, Sergio Valinho, informou que, desde o início do evento climático, a concessionária está atuando incansavelmente para normalizar o serviço para a população atendida. O dirigente reforçou a complexidade dos transtornos provocados pela tempestade.
O cenário estadual
Até a noite desta quinta-feira, 346 mil imóveis seguiam sem energia elétrica no RS. A RGE informou, em boletim divulgado às 18h, que 222 mil clientes da sua área de atuação estão sem fornecimento, especialmente na Região Metropolitana. Já na área da CEEE Equatorial, o boletim divulgado nesta noite aponta que 124 mil clientes ainda seguem sem luz.
Segundo a Corsan Aegea, 60 mil imóveis de cidades atendidas pela empresa seguiam sem água. Em Gravataí, a energia elétrica é suprida por geradores da companhia. Vinte caminhões-pipa estão de prontidão para atender casos emergenciais, como escolas e hospitais. Outros 79 geradores da empresa operam em 22 cidades de diversas regiões do Estado que ainda seguem sem água.
Conforme levantamento divulgado pela Defesa Civil estadual às 17h33min, o número de cidades gaúchas afetadas pelo temporal já chegou a 60. Segundo o órgão, 62.850 pessoas foram afetadas, 12 ficaram feridas e 306 precisaram sair de suas casas. O único óbito registrado em razão do mau tempo foi de um morador de Cachoeirinha atingido por uma marquise.
Com registro de rajadas de vento de até 126,7 km/h — o mais intenso no Estado — durante o vendaval de terça, a cidade de Teutônia, no Vale do Taquari, declarou situação de emergência. Do mesmo modo, Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Agudo, Restinga Seca, Santa Maria, Canela, Venâncio Aires e Estrela também decretaram situação de emergência após o fenômeno climático.
Os números dos estragos no RS
- 60 cidades afetadas
- 62.850 pessoas atingidas
- 12 pessoas ficaram feridas
- 306 desalojados (em casas de amigos e parentes)
- Um óbito de um morador de Cachoeirinha atingido por uma marquise
- Pelo menos 25 protestos por falta de água e luz em Porto Alegre entre quarta e quinta-feira.
- 40 militares do Exército deslocados para auxiliar na remoção de árvores na Capital.
- 500 árvores caídas em Porto Alegre e 300 já foram recolhidas.
- 10 cidades decretaram situação de emergência
- 346 mil imóveis sem energia elétrica, sendo 222 mil da área de concessão da RGE e 124 mil da CEEE Equatorial
- 60 mil imóveis sem água no RS, segundo a Corsan Aegea
- 62 unidades de saúde de Porto Alegre sem energia elétrica