Após muita incerteza, o grupo teatral Ói Nóis Aqui Traveiz, tradicional referência artística de Porto Alegre, terá uma casa nova. A futura sede ficará na Travessa Carmem, 95, no bairro Floresta. A prefeitura confirmou a informação.
— Fica na Travessa Carmem, na região atrás da Igreja São Pedro. É uma casinha branca de térreo que engloba também um galpão na parte dos fundos — revela o secretário municipal da Cultura, Gunter Axt.
Dessa maneira, os artistas seguem na região do 4º Distrito, conforme GZH antecipou em junho, porém em um ponto distante de onde estão desde 2009, na Rua Santos Dumont, 1.186, no bairro São Geraldo.
A nova sede fica encostada no Ecoponto do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), e o terreno possui cerca de 700 metros quadrados. Tanto a casa quanto o galpão estão desocupados neste momento.
— O galpão estava fechado, mas integrado ao Ecoponto. A casa tinha uma pessoa ocupando, mas agora está vaga — esclarece o titular da pasta.
Conforme o secretário, os artistas receberão o Termo de Permissão de Uso (TPU), que deverá ser assinado no próprio local nas próximas semanas. De acordo com Gunter Axt, a reforma do espaço, que se encontra bastante degradado, ficará a cargo da Terreira, que é a beneficiada pela TPU e está ciente dessa incumbência.
O grupo Ói Nóis Aqui Traveiz estava nesta sexta-feira (11) em deslocamento de São Paulo para Porto Alegre. Com 44 anos de trajetória, o grupo de teatro recebeu o Prêmio Milú VillelIa/Itaú Cultural 35 anos na noite de quinta-feira (10), no Auditório do Ibirapuera, na capital paulista.
Tânia Farias, atuadora do Ói Nóis Aqui Traveiz, celebra a conquista do novo espaço e afirma que conta com o apoio da comunidade e parceiros para encarar os desafios que vêm pela frente. Ela comenta que quando o grupo escolheu o local, ele estava em melhores condições. Tânia pontua que foram levadas portas e janelas e que até mesmo uma fogueira foi feita no interior da construção, queimando partes da estrutura. O coletivo Mãos Arquitetura, Terra e Território será o responsável pela reforma.
— Estamos muito contentes com a possibilidade de sediar a Terreira nesse espaço. Acreditamos que vai ser muito trabalho, vai precisar de um amplo apoio. Mas estamos felizes de saber que vamos para algum lugar e vamos parar de pagar um aluguel superoneroso. Sabemos que vai levar algum tempo porque isso vai depender de uma ampla reforma e adaptação. É um momento especial, mas é especial para a cidade. Se conseguirmos fazer isso junto com a cidade, será um marco para o teatro não apenas de Porto Alegre, mas do Brasil. A oficina do Ói Nóis Aqui Traveiz é uma das poucas do país que são gratuitas — diz Tânia.
Outras casas
A Terreira da Tribo ficou por 15 anos sediada na Rua José do Patrocínio, no bairro Cidade Baixa. No fim de 1999, foi para a Rua João Inácio, no bairro Navegantes. Há 13 anos, o centro cultural está na Rua Santos Dumont.
Por sua vez, o terreno na Rua João Alfredo, 709, na esquina com a Avenida Erico Verissimo, foi cedido gratuitamente ao grupo de artistas em 2008, por meio de TPU. Tratava-se de um convênio firmado com o Ministério da Cultura para construção de sua sede, com aporte de recursos públicos.
Entretanto, problemas burocráticos e financeiros impediram a construção do espaço para apresentações artísticas no local, que, desde o primeiro semestre deste ano, está cercado. Na ocasião do cercamento, a prefeitura informou que o objetivo era de se evitar invasões, depredações e depósito de lixo.
A prefeitura disse, por meio da Secretaria de Administração e Patrimônio (Smap), que o terreno "não tem lei autorizativa para venda" e que não sabe ainda o que será feito do local. A reportagem apurou nesta sexta que a Melnick não tem interesse em adquirir o terreno.