A aprovação do Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) do projeto de revitalização do Cais Mauá pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre (CMDUA), da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), abre caminho para se vislumbrar o que deverá ser o futuro da área localizada de frente para o Guaíba. Estão confirmados no projeto uma torre icônica perto da Estação Rodoviária e edifícios escalonados, que deverão alterar substancialmente a fotografia da região.
Pertencente ao governo estadual, o terreno do cais possui uma área de 181,3 mil metros quadrados. O espaço é composto por armazéns, docas e a área do entorno do Gasômetro. O Estado espera agora firmar contrato de parceria público-privada (PPP) para começar a tirar do papel a nova roupagem da região portuária.
O terreno das docas será repassado para os parceiros em troca das obras de revitalização na área dos armazéns, que são um símbolo arquitetônico e histórico da Capital. Os entes privados serão remunerados pela venda dos imóveis das docas, assim como por atividades estabelecidas na área dos armazéns e dos arredores do Gasômetro. O edital será publicado no mês que vem, o leilão ocorre em setembro e as obras deverão levar 36 meses até a conclusão.
Além dos edifícios escalonados, que ficarão em área de transição entre o setor dos armazéns e as docas, será criado um bulevar ao longo da Avenida Mauá. Também haverá qualificação do passeio público, revitalização dos armazéns, do prédio do antigo frigorífico, da Praça Edgar Schneider e a urbanização da orla do cais.
Confira, abaixo, as transformações previstas aprovadas no EVU:
Avenida Mauá
Será criado um grande promenade (passeio) entre os armazéns e o Guaíba, na extensão da Avenida Mauá. O projeto urbanístico deverá, entre outras coisas, possibilitar a livre circulação de pedestres junto à orla e entre o empreendimento e a Usina do Gasômetro, com previsão de espaços de estar e contemplação.
A proposta, que apresenta um novo tratamento urbanístico e arquitetônico à área, oferecendo espaços livres de uso público, terá, ainda, um contínuo bulevar, além de uma diversidade de passeios, praças e jardins nos setores do Gasômetro e das docas.
Muro da Mauá
O projeto prevê a substituição, em um momento posterior, do atual mecanismo de proteção contra cheias por um sistema eficiente e removível localizado ao longo da faixa periférica do cais que margeia o Guaíba. No parecer da Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento (Cauge) sobre o Cais Mauá, há comentário acerca do tema: “Com a retirada do muro teremos uma integração do cais com o Centro Histórico que causará um impacto positivo muito grande, com mudança substancial na cidade. Desta forma, é importante a integração deste projeto com o projeto de revitalização do Centro Histórico, para que não haja concorrência entre os dois projetos e sim uma compatibilidade entre ambos”.
Sobre outros pontos da revitalização, a Cauge ainda sugere a contratação de profissionais habilitados para a restauração dos armazéns, o plantio de vegetação (exceto na frente dos armazéns, a fim de preservar a imagem histórica) e a elevação do piso de paralelepípedo no trecho entre os armazéns e o Guaíba. Em relação ao setor das docas, propõe um concurso público nacional e internacional para que grandes arquitetos contemporâneos possam participar com propostas e ideias.
A área total do empreendimento proposto é de aproximadamente 239.400 m² de área construída, sendo subdividido em três setores distintos de implantação. Veja os detalhes:
Setor dos Armazéns
A previsão é de restauração e reformulação dos armazéns situados na parte central do cais. Também haverá a qualificação dos espaços abertos de todo o setor, com utilização para atividades institucionais, empresariais, de lazer, culturais, de entretenimento, eventos e hospedagem. Nos armazéns A1 e A2, por exemplo, haverá espaços para economia criativa, centro tecnológico, coworking, oficinas criativas e startups, com passarela de conexão entre essas edificações. O South Summit Brasil deste ano foi realizado nos armazéns.
Serão muitas novidades, como a Praça dos Guindastes, que ficará situada entre os armazéns A2 e A3, além da construção de um pórtico para a Avenida Sepúlveda, localizado nos armazéns A e B, estes destinados para arte, cultura, comércio e gastronomia.
Para impedir barreiras físicas de acesso e circulação ao local, serão eliminadas as vagas de estacionamento de frente para a Praça Brigadeiro Sampaio. Assim como os demais localizados ao longo da Avenida Mauá, que impediriam livre acesso ao futuro bulevar.
Setor Docas
Serão implantadas nove torres, com uso residencial, comercial e para serviços. Será restaurado o edifício do antigo frigorífico. No local, serão construídos espaços flexíveis para atividades culturais, como museu e exposições. Também devem ocorrer a urbanização e a qualificação das áreas externas. A revitalização do conjunto da Praça Edgar Schneider será executada. Na Doca 2, deverá ser construída uma marina para embarcações de pequeno e médio porte.
No projeto, as alturas dos edifícios para a porção norte do setor Docas 3 poderão ser ampliadas dos 83 metros de altura máxima proposta para até 150 metros. A ideia é ser erguida uma torre icônica nesse espaço. Seria um marco arquitetônico para Porto Alegre, como um cartão de boas-vindas que possa ser visto de longe por quem chega na cidade.
As nove torres das docas:
- Doca 1: duas torres residenciais com lojas no pavimento térreo
- Doca 2: duas torres residenciais com lojas no pavimento térreo e duas torres corporativas
- Doca 3: duas torres residenciais com lojas no pavimento térreo e uma torre multiuso com utilização corporativa e hotelaria
Além das torres, outros espaços e empreendimentos estarão espalhados pelas docas.
Setor Gasômetro
Um edifício para atividades de ensino, gastronomia e comércio será implantado. Escola náutica, bares e comércio serão disponibilizados nesse espaço. Atividades diversificadas ao ar livre estão previstas.
O objetivo será privilegiar a convivência e fruição do espaço público ao longo do bulevar e na interface com a Praça Brigadeiro Sampaio. A proposta é integrar os espaços públicos e os edifícios de valor histórico, evitando-se barreiras físicas e visuais.
Todo o empreendimento prevê 2.258 vagas de estacionamento, sendo 1.480 vagas no subsolo e as demais na superfície, além de 940 vagas para bicicletas. Haverá espaço para ciclovia. Também serão realizadas adaptações nas sinalizações de trânsito da região e nas paradas de ônibus e pontos de táxi do trecho.
Em resumo, as transformações que a PPP terá de implementar serão as seguintes:
- Criação de bulevar ao longo da Avenida Mauá
- Qualificação do passeio público
- Revitalização dos armazéns
- Revitalização do prédio do antigo frigorífico
- Revitalização da Praça Edgar Schneider
- Urbanização da orla do cais