No primeiro dia do South Summit, os três armazéns do Cais Mauá abrigaram cerca de 12 mil pessoas de mais de 50 países dispostas a discutir inovação e empreendedorismo. Se o número superou as expectativas — a previsão inicial, meses atrás, era de 5 mil —, a alta procura em meio à chuva impôs obstáculos a quem circulou nos armazéns em frente ao Guaíba.
— A gente conseguiu trazer para Porto Alegre o primeiro grande evento global (de inovação e empreendedorismo) realizado no Brasil. São mais de 500 speakers e 90 fundos de investimento. É uma emoção. A gente quer impactar a economia, a gente quer impactar a sociedade. Claro que tem uma pequena coisa aqui e ali para arrumar, mas faz parte do empreendedorismo, é o primeiro grande evento e temos muito mais gente — afirma o presidente do South Summit Brasil, José Renato Hopf.
Um entrave foi o tempo — chuva forte em uma estrutura em parte a céu aberto, com temperatura variando entre 15ºC e 20ºC. Caminhar pelos espaços externos, entre os armazéns e o Guaíba, exigiu desviar de poças d’água e aceitar que, em algum momento, os pés ficariam molhados.
Hopf diz que a chuva levou o público a se abrigar em locais fechados, o que lotou os armazéns. Como a previsão é de sol entre nuvens para os próximos dois dias, a expectativa é de que haja menor lotação dos pavilhões e dispersão do público a céu aberto.
O que deu certo
Grande público
Quando foi lançado, o South Summit previa receber cerca de 5 mil pessoas no Cais Mauá. A organização contabiliza 17 mil inscritos — entre ingressos pagos e cortesia. Neste primeiro dia, cerca de 12 mil compareceram — não há mais ingressos à venda. A alta procura mostra o potencial de o evento atrair um público com grande capital e investimentos milionários a Porto Alegre. Visitantes destacaram ainda o bom acolhimento recebido por voluntários e trabalhadores do South Summit.
Networking
Frequentadores ouvidos por GZH relataram grande número de encontros com investidores, empresários e representantes do setor de inovação e tecnologia. O famoso networking ocorreu em espaços reservados, na área aberta do Cais Mauá, no almoço, no intervalo do café e foi marcado na agenda para os próximos dias. A perspectiva é de evolução de startups e de novas parcerias para os próximos meses.
Público internacional
O South Summit atraiu visitantes de 50 países interessados em fechar novos negócios e discutir inovação e empreendedorismo. A última memória de Porto Alegre em receber tamanho público internacional foi oito anos atrás, na Copa do Mundo. Eventos econômicos desse porte costumam ocorrer apenas em megalópoles ou cidades com atividade econômica voltada ao mercado internacional. No Brasil, conferências semelhantes costumam ocorrer em São Paulo — executivos gaúchos, aliás, sempre reclamaram que investimentos internacionais “ficam em Guarulhos”, uma referência ao aeroporto internacional da capital paulista. O South Summit rompeu essa lógica e trouxe 89 fundos de investimento com carteira de US$ 62 bilhões para aplicação na América Latina — parte dessa verba pode ficar no Rio Grande do Sul, em startups gaúchas.
O que precisa melhorar
Longas filas
Frequentadores relataram grande tempo de espera para acessar o evento pela manhã, acessar palestras e comprar comida em food trucks. A organização do South Summit chegou a convocar credenciamento na terça-feira (3), mas o pedido não foi atendido pela maior parte do público. Visitantes chegaram a levar de uma a duas horas entre buscar almoço e de fato comer.
Problemas na estrutura
GZH observou dificuldade acústica para ouvir palestras em ambientes menores. Um dos banheiros registrou falta de água pela tarde. Ainda houve falta de luz na arena principal, que abriga as palestras mais procuradas, e em um food truck, na hora do almoço. A internet chegou a ficar intermitente, para depois funcionar normalmente. José Renato Hopf diz que o banheiro e a internet fazem parte de estruturas temporárias afetadas pela chuva, mas a organização promoverá ajustes para melhorar a experiência nos próximos dias.
— Houve alguns imprevistos relacionados à chuva nas estruturas temporárias. Atuamos na hora e vamos repassar hoje à noite — diz Hopf.
Alta lotação
Frequentadores citam que o alto número de pessoas no evento cristaliza grande interesse e sucesso de público, mas reclamam que o efeito colateral foi tornar ambientes internos lotados. As palestras mais badaladas lotavam rapidamente, algo natural em eventos nos quais painelistas são reconhecidos internacionalmente, diz o presidente do South Summit Brasil. Ele salienta que, com a previsão de dias secos, a lotação deve ser aliviada na quinta (5) e na sexta-feira (6). Para a edição do ano que vem, a organização pretende distribuir as atividades em mais pavilhões do Cais Mauá.