As atividades e palestras gratuitas da Semana Caldeira se encerraram nesta sexta-feira (1º), na sede do hub de inovação, situado no 4º Distrito da Capital. Neste último dia de eventos, empreendedores discutiram o Painel Caminhos Livres: fortalecimento cultural para o desenvolvimento socioeconômico de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Participaram do debate Alice Castiel (Projeto Concha), Bernardo Rabello e Lucas de Azevedo (Caminhos Livres), Daniel Macedo (Mercado Paralelo), Eduardo Titton (Agulha), Rafa Rafuagi (artista e ativista social) e Valéria Barcellos (multiartista).
O empreendedor e empresário Daniel Macedo, do Mercado Paralelo, comentou os aspectos positivos de se empreender na região do 4º Distrito, que em breve terá seu próprio plano diretor:
— O Poder Executivo incentivando, assim como o apoio de diversos empreendedores se ajudando entre si e colaborando para fomentar essa região, tem um saldo positivo. É fazer algo dentro da legalidade, não gerar ruído ou incômodo para os vizinhos. Conseguir fazer algo bom para todos, e não só para alguns. E tudo isso com o apoio da revitalização, iluminação e segurança que até há pouco tempo não se tinha.
Em contraponto, Eduardo Titton teceu algumas críticas quanto à forma como algumas coisas estão sendo feitas no 4º Distrito. Ele disse que o bar Agulha se instalou na região em 2017 tendo em vista vários benefícios, tanto geográficos, pela facilidade de acesso a diferentes regiões da cidade, como econômicos, principalmente pelas características dos imóveis.
— Agora, vivo um momento de um pouco de apreensão, principalmente pela ausência de previsão de destinação proporcional para diferentes setores. Na linha que se está seguindo, podemos chegar a um território com uso único ou quase único, talvez seja estritamente noturno ou talvez seja estritamente gastronômico. Pela ausência da previsão e a obrigação de diversidade, podemos ter diferentes problemas relacionados à segurança e a fluxos na frente. Sabe-se que o que faz um território sobreviver ao tempo é a pluralidade — reflete.
A cultura também precisa chegar com força à região. Para Alice Castiel, idealizadora do Projeto Concha, a iniciativa privada terá papel determinante nessa questão no período pós-pandemia:
— A cultura está em toda a cidade, ela foge um pouco do 4º Distrito. Ela está no Centro e na Cidade Baixa. Acho que tem de acontecer um movimento muito forte dos empresários e das startups para financiar a cultura em Porto Alegre. Estamos aqui para discutir como a iniciativa privada consegue apoiar e resolver os desafios que temos, ainda mais depois da pandemia.
Titton contou sobre o começo do Agulha no bairro São Geraldo, onde ele vive e trabalha. Conforme o sócio-fundador, foram feitos 287 shows no local, que já recebeu 100 mil pessoas desde 2017.
— Vejo o Agulha como um espaço de trabalho para atores da cultura. E tentamos fazer dele uma casa autossustentável. Infelizmente, no nosso território muitas outras casas fecharam e tiveram fim — lamenta.
O empresário ainda trouxe para discussão a questão da Vila Santa Terezinha (dos Papeleiros), que é vista como problema pelas pessoas e nunca como solução.
— A Rua Voluntários da Pátria traz este choque de realidade. A gente tentou ações de aproximação com a comunidade e fez uma pesquisa para ver quais eram as demandas dos moradores. A prioridade deles era que queriam mais verde, porque ali é muito árido. Em segundo lugar, pediram praças. Porque eles não possuem condições para ir até o lazer em outros locais — argumenta.
Semana Caldeira
A Semana Caldeira, que aconteceu em celebração ao primeiro ano de operações do hub em seu espaço físico, reuniu palestrantes nacionais e internacionais. Foram mais de 70 palestrantes e 40 atividades durante os cinco dias de programação presencial – houve, ainda, transmissão virtual pelo YouTube do Caldeira.
Entre os convidados, estiveram o norte-americano Jeff Towson, investidor e consultor de capital de tecnologia com mais de 3,1 milhões de seguidores no LinkedIn. O especialista palestrou sobre as últimas tendências tecnológicas da Ásia e, principalmente, da China.
Outro destaque foi o dinamarquês Peter Kronstrøm, head do Copenhagen Institute For Futures Studies Latin America. O tema de sua apresentação foi o futuro do setor da construção civil, com tendências, provocações e insights para os principais atores envolvidos neste setor. Outros participantes internacionais também atraíram público até o Instituto Caldeira, que é o primeiro projeto do Pacto Alegre a se concretizar.