O destaque da parte da manhã do segundo dia de atividades gratuitas promovidas pelo Instituto Caldeira, na região do 4º Distrito de Porto Alegre, ficou em torno das startups. No evento AGS Invest Talk, os palestrantes Emmanuel Oliveira (Meta Ventures), Vicente Piccoli (WOW) e Taize Wessner (Virtueyes), sob mediação de Alexandre Caputo (diretor da Associação Gaúcha de Startups), abordaram o tema Investimento em startups: cenário e perspectivas para 2022, para uma plateia formada por cerca de 50 pessoas.
As qualidades que Porto Alegre possui e o próprio contexto de financiamentos específicos para as startups da capital foram analisados pelos especialistas.
— O cenário é muito positivo no momento. No ano passado, o mercado teve muitas movimentações, então há liquidez no mercado ainda, principalmente na mão de ex-empreendedores que fizeram a venda de suas empresas e hoje estão reinvestindo no próprio Rio Grande do Sul — observa Piccoli, que cuida da parte de portfólio da WOW Aceleradora, fundada em 2013 e responsável pelo fomento de mais de 100 startups.
O especialista, que durante a sua participação destacou que é recorrente os empreendedores não conhecerem a fundo seus próprios negócios para apresentarem aos investidores, comentou acerca da importância do surgimento de espaços como o Instituto Caldeira, que comemora um ano de operações.
— Aqui em Porto Alegre, a criação de hubs de inovação, como este que nos encontramos, é um cenário positivo para isso. Cada vez há mais investidores na cidade. O cenário está muito positivo para a atração de startups para o Estado e para Porto Alegre — diz.
Conforme levantamento recente do RS Tech, houve um aumento no número de startups no Estado de 422 (2019) para 661 (2021), o que representa um salto de 57%. Desse montante, 61% das empresas estão localizadas em Porto Alegre. Atualmente, a capital conta com mais de 400 startups, hubs temáticos e parques tecnológicos, comprovando que o empreendedorismo está em alta na cidade.
— Porto Alegre está passando por um momento excelente em termos de maturidade e empreendedorismo. Temos várias iniciativas, tanto públicas quanto privadas, parques tecnológicos e o próprio South Summit, que será realizado em maio, vai trazer grande visibilidade. A tendência é cada vez crescer mais o universo de startups — afirma Alexandre Caputo, diretor da Associação Gaúcha de Startups (AGS).
A apresentação dos painelistas foi das 9h30min até as 11h, com espaço para perguntas nos minutos finais. Segundo Taize, o começo nesse meio é quase sempre igual para todos:
— Começamos a fazer investimentos como quase todo mundo inicia: com coragem e sem saber nada. Tivemos a sabedoria de iniciarmos junto a aceleradoras e estamos no portfólio de 12 startups — compartilha, dizendo que a Virtueyes é muito próxima das aceleradoras e conhece bem as startups.
A maior contribuição da empresa, segundo disse para os presentes, é fazer com que o sonho de ter um negócio se torne realidade, assim como conseguir mantê-lo em pé. A palestrante também reconheceu que começar do zero, apenas com a vontade de abrir o negócio, significou experiência para os processos de agora.
Por sua vez, Oliveira, responsável por funções como mapeamento dos principais players do ecossistema de inovação e aceleradoras, entre outras, da Meta Ventures, explicou um pouco da realidade da empresa, que conecta startups, investidores, outras empresas, parceiros, universidades, laboratórios de pesquisa e a sociedade.
— Dentro do nosso portfólio temos, atualmente, seis startups. Nossa meta é conectar com as startups que tenham sinergia. Serão 20 delas até 2024 — antecipa.
De qualquer maneira, as startups significam uma espécie de caminho sem volta, independentemente das dificuldades econômicas para quem decide empreender. Essa realidade atrai cada vez mais empreendedores.
— Tenho a impressão que em 2021 colhemos um bom plantio, e 2022 ainda segue aquecido. Os investidores também possuem recursos abundantes, mas a gente acorda e dorme preocupado se estamos conseguindo acompanhar o mercado. Pelo menos isso acontece com aqueles que se preocupam com a “perpetuação” da empresa — reflete Taize, dividindo que usa muito as aceleradoras como braço de captação de oportunidades no processo.
A necessidade das empresas se verem inseridas no contexto tecnológico tem impulsionado a expansão do mercado de startups:
— Em 2021, aconteceram fusões e aquisições de empresas. Todas agora necessitam se verem como empresas de tecnologia, enxergando o ecossistema e outras startups. Quando você adquire uma empresa que domina um nicho de mercado, você passa a dominar esse mercado. Essa é uma das estratégias que aceleram a expansão — conclui Emmanuel Oliveira.
A chamada Semana Caldeira, que celebra o primeiro ano de operações do Instituto Caldeira em seu espaço físico, localizado em uma área de 22 mil metros quadrados nas antigas fábricas da A.J. Renner, no 4º Distrito, segue até sexta-feira (1º). A programação completa com as demais atividades e palestras gratuitas pode ser acessada aqui.