A pesquisa RS Tech: Uma Fotografia do Ecossistema de Inovação do Rio Grande do Sul, apresentada no início de dezembro pelo Instituto Caldeira e pela plataforma de inovação Distrito, mostra um aumento expressivo no número de startups gaúchas mapeadas nos últimos dois anos: de 422 em 2019 e para 661 em 2021. Dessas, 61% estão na Capital.
As startups que mais receberam investimentos são fintechs: a Nelogica (US$ 102,2 milhões), a Warren (US$ 81 milhões) e o Agibank (US$ 75,1 milhões). E o aumento da maturidade desses negócios também ficou evidente no estudo. Em 2019, 14,7% das empresas tinham mais de 20 funcionários; em 2021, esse número passou para 49,4%, um aumento de 236%. Nascida e criada na Capital, a Pix Force começou há cinco anos e já tem mais de 60 colaboradores.
Eles trabalham de todos os cantos do Brasil e até do Exterior – contrataram recentemente uma técnica egípcia. Em 2020, a empresa abriu uma sede também nos Estados Unidos. A startup desenvolve soluções utilizando tecnologias de visão computacional, inteligência artificial e machine learning. Traduzindo: o negócio deles é bolar formas inovadoras de fornecer informações para os clientes, por meio da interpretação automática de imagens e vídeos.
— Era algo que praticamente não existia na época, estava engatinhando ainda. Ninguém falava em inteligência artificial, por isso a gente usava a expressão “algoritmos para processar imagem” — relata Daniel Moura, 37 anos, um dos fundadores da empresa.
Um exemplo do que eles fazem é um projeto milionário que a empresa conquistou junto à Petrobras. A petrolífera tem milhares de câmeras de segurança para monitorar todas as suas plataformas, refinarias e áreas de exploração de terra, mas não há exército que possa acompanhá-las para averiguar se algum trabalhador está se colocando em risco.
A startup entrará com a tecnologia para a análise automática dos vídeos e para a geração de alerta em caso de risco – se o funcionário está sem capacete, por exemplo, ou entrou em uma área em que algo pode cair sobre ele. O computador vai identificar essas situações e mandar um alerta para a equipe responsável.
Outro projeto em desenvolvimento, com a CPFL, aliviaria um dos maiores prejuízos das empresas de distribuição de energia: problemas com a poda de árvores.
— Há dificuldade de saber qual o momento exato de fazer poda, se podar cedo está perdendo dinheiro, se demora muito a fazer a poda, pode ser tarde demais, um galho pode cair em cima de um fio. Esse controle é feito hoje de forma aleatória e visual. Mas a gente quer colocar um carro circulando pela cidade com um censor em cima, tipo o do Google Maps — explica Moura.
Diretor de Operações, Vitor Tosetto vai encontrando soluções para problemas que ele nem sabia que existiam e descobrindo o ritmo de trabalhar em uma startup ao mesmo tempo:
— Trabalhar numa startup é mais dinâmico. E você vai errando, acertando, errando, acertando. A gente vai trocando pneu do carro com ele andando.
Até então em um escritório no Bom Fim, a Pix Force se mudou neste mês para o Caldeira, na expectativa de interagir mais com as empresas grandes e pequenas que há ali. Uma das particularidades dos empreendedores da nova economia é essa aptidão para “jogar junto”. Até porque, em um ambiente digital, o concorrente não é necessariamente seu vizinho: é o mundo inteiro.