
- O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia da PGR contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados
- O caso foi analisado pela Primeira Turma do STF. Eles se tornaram réus por cinco crimes
- Os denunciados são Jair Bolsonaro, Braga Netto, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno, Almir Garnier Santos, Alexandre Ramagem e Mauro Cid
- Saiba quais os próximos passos da ação no STF
Acompanhe a sessão
A Primeira Turma do STF é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino. Uma maioria simples de três votos entre os cinco possíveis já confirma a decisão de aceitar ou não a denúncia.
Se a denúncia for aceita, terá formalmente início a ação penal, que passará a julgar então o mérito das acusações, se os denunciados são culpados ou não pelos crimes listados pela PGR. Se os ministros decidirem pelo não recebimento, a denúncia é arquivada, e a ação penal para julgar o mérito das acusações nem se inicia.
O STF projetou analisar o recebimento da denúncia em três sessões. Duas foram realizadas na terça-feira (25), durante a manhã e tarde, e outra será realizada nesta quarta-feira, com início às 9h30min, quando deverá ser anunciada a decisão.
Quem são os investigados
Nesta primeira fase, é analisado o recebimento da denúncia contra oito dos 34 denunciados pela PGR. De acordo com a procuradoria, estes oito formam o primeiro núcleo da denúncia, ou o "núcleo crucial" da tentativa de golpe. São eles:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente
- Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa)
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
- Augusto Heleno (ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional)
- Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha)
- Alexandre Ramagem (ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência e atual deputado federal)
- Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada)
Os crimes
A denúncia da PGR aponta que Bolsonaro e seus aliados teriam cometido cinco crimes:
- Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito
- Golpe de Estado
- Organização criminosa armada
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima
- Deterioração de patrimônio tombado
O rito processual
- O presidente da Primeira Turma do STF, o ministro Cristiano Zanin, fez a abertura oficial da sessão. Depois, o ministro Alexandre de Moraes realizou uma leitura do relatório da denúncia
- O procurador-geral da República, Paulo Gonet, fez uma sustentação, apresentando suas considerações principais e reiterando a denúncia dos crimes. Em seguida, os advogados de defesa também se manifestaram, por até 15 minutos, pedindo que a denúncia fosse rejeitada
- Antes de analisar o recebimento da denúncia, a Primeira Turma pode deliberar sobre questões processuais preliminares. Na sequência, então, os cinco ministros decidem se aceitam ou não o pedido de denúncia da PGR. Uma maioria simples de três votos entre os cinco possíveis define a votação
- Se a denúncia for aceita, terá início a fase processual da ação penal, ou seja, passará a ser analisado o mérito das acusações criminais, se o tribunal entende que os então acusados cometeram ou não os crimes apontados pela PGR. Se a decisão for pelo não recebimento, a denúncia é arquivada e não ocorre a análise do mérito das acusações criminais
- O resultado da análise deverá ser anunciado ao final da sessão marcada para a manhã desta quarta-feira
O plano golpista
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 34 pessoas por um suposto movimento criminoso que teria como objetivo desestabilizar a ordem democrática no Brasil, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022 e mantendo Bolsonaro no poder.
As ações, diz a denúncia, tiveram início ainda em 2021, com os ataques sistemáticos ao sistema eletrônico de votação, e envolveram também tentativas de impedir eleitores de votar no segundo turno das eleições, pressão sobre comandantes militares para uma intervenção armada, elaboração de minutas para atos contra a ordem constitucional e até um plano para assassinar autoridades, como Lula e o ministro do STF, Alexandre de Moraes. A PGR argumenta que os ataques em Brasília em 8 de janeiro de 2023 foram a tentativa final de pôr em prática um golpe de Estado.