A um ano das eleições municipais de 2024, os partidos e lideranças políticas iniciaram movimentações para a definição de estratégias e construção de candidaturas.
As conversas já estão em andamento para a montagem de alianças mirando a disputa ao comando das prefeituras.
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No pleito marcado para 6 de outubro de 2024, estarão em jogo 5.570 prefeituras e quase 60 mil cadeiras em câmaras de vereadores espalhadas pelo país.
Confira abaixo como está a situação de momento em quatro dos cinco maiores colégios eleitorais do Rio Grande do Sul: Caxias do Sul, Canoas, Pelotas e Santa Maria.
Em Canoas, Jairo Jorge deverá ter ampla aliança
Os dois eleitos em 2020 para administrar Canoas, o prefeito Jairo Jorge (PSD) e o vice Nedy de Vargas Marques, que está de mudança para o PL, deverão ser adversários na disputa de 2024. Jairo tentará conquistar o quarto mandato à frente do município e, conforme as articulações a um ano do pleito, terá ampla aliança.
Ele deverá ter o apoio do ex-prefeito e deputado federal Luiz Carlos Busato (UB), que foi seu adversário na ferrenha disputa de 2020. Considerando os resultados das eleições mais recentes, essa aliança une no mesmo palanque dois fortes capitais políticos de Canoas, terceira maior população do RS. O PT integra o governo de Jairo e, atualmente, a tendência é de apoiar sua reeleição.
O vice Nedy chegou a assumir a condição de prefeito de Canoas por um ano, entre março de 2022 e março de 2023, quando Jairo esteve afastado por determinação judicial, sob suspeita de irregularidades na gestão. Ele nega. Eleito em 2020 pelo Avante, Nedy encaminhou sua filiação ao PL, onde deverá figurar entre os candidatos prioritários da sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição municipal no RS. Por ter eleito a maior bancada da Câmara Federal em 2022, o PL conta com cobiçado naco do tempo de TV e da verba do financiamento público de campanha. Em cenário que tende a ser polarizado, siglas como PDT e PSOL avaliam encabeçar candidaturas alternativas.
PSD
- Jairo Jorge vai tentar o quarto mandato, após ter sido eleito em 2008, 2012 e 2020. O prefeito governa a cidade com o apoio de 11 partidos e deverá ter larga aliança, sustentada por siglas de direita, centro e centro-esquerda. Existe a possibilidade de a coligação envolver desde a federação liderada pelo PT até o MDB e o PP, entre outros.
PL
- A sigla está determinada a ter o máximo de candidaturas próprias, com o lema de ser o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O atual vice-prefeito Nedy de Vargas Marques deverá trocar o Avante pelo PL para enfrentar Jairo Jorge, antigo companheiro de chapa, nas eleições de 2024. É possível que Nedy obtenha apoio do Novo e de outras legendas pequenas da direita.
PSOL
- A sigla descarta a unidade da esquerda em Canoas caso o PT, que tem federação com PCdoB e PV, confirme a aliança com Jairo. A tendência do PSOL, que não tem vereador na cidade, é lançar candidatura própria para marcar posição.
PDT
- Partido pelo qual Jairo Jorge já passou, enfrenta situação difícil em Canoas. A sigla integra o governo de Jairo, mas a avaliação de momento da direção estadual é de que poderá ser lançada a candidatura própria do vereador Alexandre Gonçalves.
Republicanos
- O partido cresceu na eleição de 2022 e tem orientação de apresentar candidaturas. A direção não fala em nomes, mas avalia apresentar candidato para prefeito ou para compor como vice. O Republicanos é da base do governo Jairo Jorge.
PP
- A sigla integra a base do governo Jairo Jorge e diz que o objetivo principal é fortalecer a bancada na Câmara. Contudo, não está descartada candidatura à prefeitura com o lançamento de um vereador ou da liderança empresarial Simone Leite.
Chance de pulverização de candidaturas em Santa Maria
O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) está em segundo mandato e não poderá buscar nova reeleição, mas tentará fazer como sucessor o atual vice-prefeito e empresário da construção civil Rodrigo Decimo (UB). Ele está de saída do UB e tem como tendência o ingresso no PSDB para a disputa da eleição de 2024.
O PT escalou o deputado estadual e ex-prefeito Valdeci Oliveira para retomar o comando do município. Valdeci afirma que ainda precisa refletir sobre a candidatura e que seu nome não está oficializado, mas a tendência é de que ele ceda à pressão do partido. Está encaminhado que o ex-prefeito José Farret (UB) será o vice na chapa do petista.
O cenário atual, faltando um ano para a eleição, indica pulverização de candidaturas. Outros partidos tradicionais planejam lançar nomes próprios. O MDB projeta a candidatura de Beto Fantinel, atual secretário estadual de Assistência Social, e o PDT deve concorrer com Paulo Burmann, ex-reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Força que emergiu em 2022, o PL afirma que terá candidato, embora ainda esteja atrás do nome. O Novo encabeçará uma chapa com o ex-deputado estadual Giuseppe Riesgo. O PP também cogita alçar apresentar alternativa.
PSDB
- O tucanato buscará o terceiro mandato consecutivo no tradicional município do centro do Estado. Prefeito de dois mandatos, Jorge Pozzobom irá apadrinhar a candidatura do seu vice, Rodrigo Decimo. Ele está de saída do UB e a avaliação é de que deverá confirmar filiação no PSDB do governador Eduardo Leite, que atua nas articulações para fortalecer a legenda.
PT
- Após o retorno de Lula à Presidência, o PT gaúcho avalia que entrará com força nas eleições municipais, em cenário diferente de 2016 e 2020, quando sofreu desgastes e observou a ascensão do bolsonarismo. Valdeci Oliveira está reticente, mas é definido pela direção do PT como "expectativa de vitória". Ele deverá construir uma aliança ao centro com o ex-prefeito José Farret (UB).
MDB
- Partido tradicional e de militância no RS, projeta a candidatura de Beto Fantinel à prefeitura de Santa Maria. Ele é deputado estadual licenciado e, atualmente, secretário estadual de Assistência Social. Fantinel é mais ponderado, diz que tem conversado sobre a possibilidade de concorrer, mas ressalta que não há decisão.
PDT
- O partido reorganizou sua estrutura na cidade e pretende lançar a candidatura própria de Paulo Burmann, ex-reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A intenção é apresentar Burmann como nova opção ante os partidos que governaram recentemente a cidade. Também é alternativa do PDT o nome de Vicente Bisogno.
PL
- O presidente da sigla no RS, Giovani Cherini, afirma que a candidatura é certa e está em busca de um nome. Ele tentou Rodrigo Decimo, mas o caminho do atual vice-prefeito deverá ser o PSDB. Cherini tem reuniões na cidade para discutir possibilidades. Uma das aventadas é lançar Ewerton Falk, que concorreu a deputado federal pelo PL em 2022.
PP
- Na eleição de 2020, a sigla foi ao segundo turno com a candidatura de Sergio Cecchin. Ele é um dos cotados para disputar novamente a prefeitura. A direção partidária diz que dois vereadores também manifestaram disposição para encabeçar chapa do PP, sigla de tradicional força no Interior.
Novo
- A sigla lançou a candidatura do ex-deputado estadual Giuseppe Riesgo. Riesgo diz que o partido abandonou o discurso isolacionista e pretende conversar com PP e PL em busca de apoio. O PL fez convite para Riesgo trocar de partido para concorrer à prefeitura, mas ele decidiu, até o momento, permanecer no Novo para se candidatar.
PSOL
- A legenda tinha disposição de apoiar Valdeci Oliveira em um bloco de esquerda, mas descarta essa possibilidade caso seja confirmada a aliança do petista com José Farret (UB). Neste caso, lançará candidatura própria para marcar posição.
PSB
- O comando partidário diz que os vereadores Danclar Rossato e Paulo Ricardo Siqueira Pedroso estão à disposição para encabeçar chapa na disputa em Santa Maria.
Em Pelotas, PSDB busca quarto mandato
Após ter administrado Pelotas por três mandatos consecutivos, o primeiro deles com o governador Eduardo Leite, o PSDB busca construir candidatura para manter a hegemonia. A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) está no segundo mandato e não pode concorrer. O favorito para a sucessão é o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB). Ele vinha relutando, mas demonstrou disposição em sinais recentes. Além dele, o PSDB teria outros três nomes na manga. A tendência é de aliança ampla, já que a oposição ao governo tucano é restrita à esquerda e à centro-esquerda.
O PT terá candidato próprio e o favorito é o ex-deputado e ex-prefeito Fernando Marroni. Corre por fora o ex-vereador Ivan Duarte, que disputou a prefeitura em 2020. Os petistas terão dificuldade para costurar aliança até mesmo pela esquerda: Pelotas é a única cidade do RS em que o PSOL tem vereadores além de Porto Alegre. Por isso, a tendência atual é de lançamento de nome próprio. Outra força expressiva tende a ser a do PP, com a possível candidatura do ex-prefeito Fetter Jr. O PL busca um nome para representar o bolsonarismo na disputa e um dos cotados para assumir a cabeça de chapa pela sigla é o ex-prefeito Anselmo Rodrigues.
PSDB
- Pelotas é prioridade, mas o nome da sigla desperta dúvida. O favorito é o deputado federal Daniel Trzeciak, que ainda avalia o cenário. Alternativas a ele são o secretário de Sistemas Penal e Socioeducativo, Luiz Henrique Viana, o atual vice-prefeito Idemar Barz e o diretor de Planejamento e Desenvolvimento do Porto de Rio Grande, Fernando Estima.
PT
- O partido terá candidato próprio e o nome mais mencionado é o do ex-prefeito Fernando Marroni, atual diretor-presidente do Trensurb. Também é uma possibilidade o ex-vereador Ivan Duarte, que foi ao segundo turno da eleição à prefeitura de Pelotas em 2020, mas acabou perdendo para Paula Mascarenhas.
PP
- A sigla planeja ter candidatura própria e o mais lembrado, atualmente, é o ex-prefeito Fetter Jr. Observadores políticos da cidade ressaltam recentes movimentos políticos de Fetter, com aumento de aparições públicas, embora ele diga que não é momento de falar em nomes, mas de discutir programa. Também é opção do PP o vereador Rafael Amaral.
PL
- O presidente do partido no RS, Giovani Cherini, está em busca de candidato para disputar a prefeitura. Um dos nomes citados é o do ex-prefeito e vereador Anselmo Rodrigues, que poderia migrar do PDT ao PL. A filha dele, Adriane Rodrigues, é outra possibilidade. Também é lembrado Valnei Tavares, presidente do PL em Pelotas.
PSOL
- Única cidade além de Porto Alegre em que o partido tem bancada, com dois vereadores. A direção partidária diz que a tendência é de candidatura própria do vereador Jurandir Silva. Não é descartada, contudo, a discussão de uma frente de esquerda.
PDT
- A intenção da sigla é apresentar o nome do advogado tributarista Reginaldo Bacci como opção de renovação para disputar a prefeitura de Pelotas. A avaliação dos trabalhistas é de que a repetição do quadro entre PSDB, PP e PT pode saturar.
PSB
- A sigla trabalha com a ideia de lançar candidato e lista três nomes: o vereador Césinha e os dirigentes partidários Tony Sechi e Rogério Salazar - este último chegou a assumir a Secretaria Estadual de Obras nos últimos meses do governo Sartori.
Três nomes já estão alinhavados em Caxias
Em Caxias do Sul, existem três nomes encaminhados. O atual prefeito Adiló Didomenico (PSDB) já admite que será candidato à reeleição, com o apoio do PTB, principal parceiro da base do governo.
A direita foi a primeira a se organizar para compor uma chamada frente ampla. Ela será liderada pelo vereador Maurício Scalco, que colocou sua pré-candidatura. Ele está atualmente no Novo, mas já anunciou que irá migrar para o PL na janela partidária. Ao lado de Scalco, devem estar o próprio Novo, o Progressistas e o Podemos, do deputado federal Maurício Marcon.
O PT tem a deputada federal Denise Pessôa como o nome mais forte para disputar o pleito, e o partido também pretende compor com outras siglas identificadas com seu plano de governo.
Já os dois principais partidos de Caxias, PDT e MDB, que ficaram 12 anos em dobradinha recente na prefeitura, encontram dificuldades para indicar nomes afirmados e não têm definido o rumo que irão seguir. O cenário mais provável é de que o MDB terá um candidato a prefeito, para fortalecer a sigla, que perdeu cadeiras na Câmara na eleição passada. Já o PDT quer estar em uma chapa majoritária, podendo compor uma frente ampla de centro-esquerda, mas sem fechar a porta para o MDB.
PSDB
- O atual prefeito, Adiló Didomenico, é o nome preferencial para ir à reeleição. Deverá ter o apoio do PTB, que está na base do governo, e pode ser acompanhado pelo Republicanos, que entrou no governo recentemente e pode indicar o nome a vice-prefeito.
PL
- O vereador Maurício Scalco já se anuncia como pré-candidato. Ele está atualmente no Novo, mas já acertou a troca para o PL, que irá se confirmar na janela partidária. Ao lado dele, estarão Novo, Progressistas e Podemos, em uma chamada frente ampla da direita, que pode agregar mais partidos até as eleições.
PT
- Depois de recorrer ao atual deputado estadual Pepe Vargas em cinco eleições, o nome mais cotado é o da deputada federal Denise Pessôa, que foi vereadora por quatro legislaturas em Caxias. A sigla também quer construir uma coligação de partidos que estejam alinhados com o plano de governo, não necessariamente da centro-esquerda.
MDB
- Partido deverá ter candidato a prefeito, mas ainda não sabe quem será. O nome mais desejado pelos emedebistas é do ex-prefeito e ex-governador José Ivo Sartori, que recebeu esta semana o título de Cidadão Caxiense na Câmara, mas essa pretensão não deve se materializar. A sigla é desejada tanto por esquerda quanto por direita para coligação.
PDT
- A nova executiva do partido em Caxias, eleita em 16 de julho, está mais alinhada com o diretório nacional, com um posicionamento mais próximo da centro-esquerda. Nos bastidores, se fala de uma possibilidade de coligar-se com o PT. Mas o partido não fecha a porta para o MDB, parceiro de 12 anos à frente da prefeitura (entre 2005 e 2016).