O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, na noite dessa quinta-feira (29), que ainda não está derrotado no julgamento que enfrenta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O placar atual está em 3 a 1 a favor de sua inelegibilidade. Falta apenas um voto para que o Tribunal forme maioria e condene o ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação deixando o inelegível pelos próximos oito anos. Bolsonaro expressou sua esperança de que o ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte eleitoral, "tenha um momento em que Deus toque o coração dele". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Ao deixar o condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Bolsonaro afirmou:
— O jogo ainda não acabou. Em um julgamento justo, seria 7 a 0. A ação movida pelo PDT nem deveria ter sido aceita. Ainda não terminou. Quem sabe o Alexandre de Moraes tenha um momento em que Deus toque o coração dele. Até agora, isso não aconteceu em nenhum momento.
Em seguida, Bolsonaro seguiu para Belo Horizonte, Minas Gerais.
A análise dos três ministros restantes -Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes - sugere que Bolsonaro tem poucas chances de escapar do revés, algo que o próprio ex-presidente está ciente. Nesta manhã, ele expressou:
— Isso é uma injustiça comigo, meu Deus do céu.
Ao meio-dia desta sexta-feira, com a retomada do julgamento, todas as atenções estarão voltadas para a ministra Cármen Lúcia, que será a primeira a apresentar seu voto. Em seguida, Nunes Marques e Moraes se manifestarão.
Inicialmente, o TSE havia reservado três dias para o julgamento (22, 27 e 29 de junho). A sessão desta sexta-feira estava destinada a questões administrativas, mas foi cancelada para que a votação pudesse ser concluída antes do recesso do Judiciário.
O julgamento no TSE diz respeito ao uso da reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022, para promover sua candidatura à reeleição. Durante o encontro, ele questionou a integridade do sistema de votação brasileiro e das urnas eletrônicas, sem apresentar provas - uma retórica que marcou a campanha bolsonarista em 2022.
Na sessão de terça-feira (27), o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso, votou a favor da inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos, absolvendo o vice-presidente da chapa, Walter Braga Netto. Nesta quinta-feira, os ministros Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques Neto e André Ramos Tavares apresentaram seus votos, sendo que Raul Araújo foi o único a votar pela absolvição do ex-presidente. Raul Araújo levou quase duas horas para apresentar seu voto, indo além do acordo informal entre os ministros de não ultrapassar o prazo de 30 minutos.