O presidente Jair Bolsonaro (PL) não compareceu à sessão solene do Congresso Nacional nesta quinta-feira (8) para homenagear o bicentenário da independência do Brasil. Este era o único evento oficial na agenda do chefe do Executivo para esta manhã. Com a desistência, Bolsonaro ficou conversando com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, em atividade transmitida em vídeo pela internet.
Na cerimônia que contou com a cantora Fafá de Belém, cantando o hino nacional e o hino de Portugal, estavam presentes os chefes dos demais Poderes. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e do Congresso Nacional; Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados; e Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Os três não compareceram ao desfile cívico-militar dessa quarta-feira (7) na Esplanada dos Ministérios.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, e chefes de Estado de outras ex-colônias portuguesas participaram. Os ex-presidentes José Sarney e Michel Temer também estiveram presentes, assim como o procurador-geral da República, Augusto Aras.
Pacheco discursou fazendo uma homenagem às relações com Portugal, e também chamou a atenção para a proximidade das eleições.
— O amplo direito de voto, a arma mais importante em uma democracia, não pode ser exercido com desrespeito, em meio ao discurso de ódio, com violência ou intolerância em face dos desiguais — disse.
O presidente do Senado também avaliou que a legitimidade das instituições vai garantir a democracia no país, mesmo diante de eventuais ataques.
— Seus fundamentos, fortalecidos por meio do reconhecimento legítimo dos brasileiros aos Poderes constituídos, serviram e servirão para enfrentarmos alegóricos retrocessos antidemocráticos e eventuais ataques ao Estado de Direito e à democracia. Isso é irrefutável, isso é irreversível — afirmou, de acordo com a Agência Senado.
Os ex-presidentes Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso não estiveram presentes, mas enviaram mensagens ao Congresso Nacional. Os petistas repudiaram o uso político dos atos dessa quarta-feira, enquanto FHC limitou-se a elogiar as instituições brasileiras, firmadas após a Independência.
— Desafortunadamente, o Brasil assiste ao chefe de Estado sequestrar a data histórica em benefício de sua própria candidatura eleitoral, desafiando as leis e ignorando o rito sagrado da função institucional de quem está no comando do País. É grave o que assistimos ontem. Uma afronta à democracia — escreveu Dilma.
A solenidade ocorre um dia após os desfiles em alusão à independência seguidos de manifestações abertamente políticas do presidente Jair Bolsonaro. Ainda que em tom mais ameno, em relação à data de 2021, e sem ataques diretos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Supremo Tribunal Federal (STF), o mandatário fez dos eventos palanque eleitoral.