Via de regra, as obras públicas de infraestrutura no Brasil costumam ser entregues com atraso. No Rio Grande do Sul, não é diferente.
Nas últimas décadas, dois exemplos registrados em rodovia federal, porém, saltam aos olhos por fugir deste padrão. O primeiro deles foi registrado em 2014.
Um viaduto foi construído na BR-116, em Sapucaia do Sul. A obra estava prevista para ser executada em dois anos. E, por incrível que pareça, foi exatamente isso que aconteceu.
Dez anos depois, outra obra também na BR-116, dessa vez entre Nova Petrópolis e Caxias do Sul, não atrasou. Melhor ainda, foi entregue antes do prazo.
Em 12 de maio, um dos pilares centrais da ponte cedeu por causa da força do Rio Caí. Ainda em maio, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) contratou a empresa que executou a obra.
Os trabalhos iniciaram em junho, com a realização do projeto executivo, e, em julho, a obra já estava sendo executada. Em ambos os casos, os serviços foram executados pela construtora gaúcha Cidade.
A travessia custou R$ 31 milhões. A inauguração ocorreu no dia 21 de dezembro.
Mas como foi possível cumprir o prazo? O que diferencia estas duas obras das demais?
Segundo o Dnit, a construção foi entregue antes porque os trabalhos foram executados durante o dia e a noite. Os serviços foram executados mesmo com momentos chuvosos e de temperatura mais baixa, na subida da Serra. Além disso, o conhecimento da região pela empresa acabou sendo um diferencial.
- Foram os dois motivos. A empresa, além de ser do Rio Grande do Sul e conhecer as dificuldades locais, também trabalhou 20 horas por dia, com três turnos - avalia o superintendente do Dnit no Estado, engenheiro Hiratan Pinheiro da Silva.
Também é importante dizer que não faltou recurso para a realização da obra. Este costuma ser um dos principais motivos para que o ritmo dos trabalhos se mantenha elevado.
Cerca de 70 profissionais trabalharam na nova ponte, em uma escala de trabalho que chegou a ser de 24 horas por dia. Na reta final, equipes de uma obra em Belém (PA) foram chamadas para dar celeridade aos trabalhos.
Mas por que estes exemplos não ocorrem de uma forma mais seguida? Um dos primeiros erros dos governantes é projetar um prazo muito curto para a execução dos serviços necessários. Como, geralmente, as obras ocorrem depois de anos de espera, a pressão para entregá-las logo é grande.
A falta de dinheiro, já abordada aqui, é outro fator. Somam-se a isso períodos chuvosos, que também foram enfrentados pela construção, desapropriações de terra ou reintegrações de posse, que são ações que precisam ser executadas com interferência da Justiça. Estes dois fatores não estiveram presentes nesta obra.
Em 2022, escrevi sobre os 10 erros mais comuns nas obras públicas. Agentes públicos têm pressa, pouco dinheiro e medo dos órgãos de controle.
Principais erros:
- Demora para agir;
- Falta de projetos;
- Burocracia;
- Falta de dinheiro;
- Demora no reassentamento de famílias;
- Inclusão de novas obras;
- Pressa;
- Troca de gestão;
- Pouco envolvimento da população;
- Pressões políticas.