O líder da oposição no Senado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou nesta terça-feira (28), às 12h30, o requerimento para abertura da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI), para investigar o gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC) comandado pelo ex-ministro da Educação e pastor Milton Ribeiro. O pedido conta com apoio de 31 assinaturas, quatro a mais do que o mínimo necessário, que são 27. As últimas assinaturas foram dos senadores Marcelo Castro (MDB-PI), Confúcio Moura (MDB-RR) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE). Randolfe informou que esperaria ter no mínimo 30 para protocolar o requerimento. Desta forma, segundo ele, a comissão teria mais robustez para realizar a oitiva.
Em entrevista coletiva a jornalistas, Randolfe classificou o requerimento como "robusto". Segundo o parlamentar, não há dúvidas de que foi instalada uma quadrilha no Ministério da Educação (MEC) e de que o próprio medo do presidente Jair Bolsonaro (PL) diante dos rumos da investigação indica "que há tentáculos do Planalto envolvidos nessa situação".
Segundo Randolfe, as investigações estão sob "forte ameaça". "Em situações normais não necessitaria de uma CPI, mas essa investigação está sob ameaça de interferência do presidente da República", afirmou o parlamentar.
Para a CPI ser instalada é necessário que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, leia em plenário o requerimento. Pacheco quer ouvir os líderes partidários antes de anunciar uma decisão. Caso seja instalada, a comissão deve funcionar por no mínimo 90 dias.
Com o avanço do requerimento de Randolfe Rodrigues, governistas tentam barrar a instalação da CPI. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) protocolou requerimento solicitando que a ordem cronológica de pedidos de aberturas de CPIs seja respeitada.
Gabinete paralelo
Os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura tinham controle da agenda do ministro Milton Ribeiro, agendavam encontros com prefeitos e cobravam propina em troca da facilitação na liberação de recursos do MEC.
Ribeiro e os pastores foram presos semana passada por ordem da Justiça Federal de Brasília. Uma liminar emitida na última quinta-feira (23), determinou a soltura do ex-ministro, dos dois pastores e outros dois suspeitos no caso.
Na última sexta-feira, o caso envolvendo o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores suspeitos de integrarem gabinete paralelo no MEC foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). O juiz Renato Coelho Borelli, da Justiça Federal do Distrito Federal, proferiu a decisão após o Ministério Público Federal apontar "indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita do presidente Jair Bolsonaro nas investigações".
No sábado, a advogado Frederick Wassef, que defende a família Bolsonaro, afirmou que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro usou o nome do presidente Jair Bolsonaro "sem consentimento". Em escutas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal (PF), Ribeiro disse que recebeu uma espécie de alerta do presidente sobre a Operação Acesso Pago.