O subprocurador-geral da República, Augusto Brandão Aras, indicado por Jair Bolsonaro para assumir o cargo de procurador-geral da República, participou nesta terça-feira (10) da reunião de líderes partidários a convite de Davi Alcolumbre, presidente do Senado. Aras também conversou com diversos outros senadores em visitas que fez aos gabinetes.
Ao final da reunião, Augusto Aras disse que não adiantaria nenhum assunto para a imprensa, pois deve aguardar a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).
— As conversas têm sido muito proveitosas, mas, neste momento, as minhas ideias, as minhas posições estão sendo observadas e apreciadas pelo Senado Federal. Aqui eu me encontro à espera da sabatina e estarei sendo julgado. Respeitosamente não posso responder a perguntas como todos gostariam, tendo em vista que somente ao Senado caberão todas as respostas — disse.
O líder do PSDB, Roberto Rocha (MA), considerou muito proveitosa a conversa de Aras com os senadores.
— Uma conversa coletiva muito boa. Ele demonstra muito preparo e conteúdo. Nós estamos conhecendo melhor o procurador para poder, no momento oportuno, ele ser sabatinado na CCJ. Será designado um relator para, o quanto antes, a gente fazer a sabatina.
Até o final da tarde desta terça-feira a indicação do nome do procurador ainda não havia chegado ao Senado.
Lista tríplice
O líder do PSD, Otto Alencar (BA), comentou a escolha do nome de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República fora da tradicional lista tríplice. Desde 2003, a relação vinha sendo respeitada por presidentes — Luiz Inácio Lula Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer — mas Bolsonaro já havia dito que poderia indicar alguém de fora da lista.
— Eu acho que apesar de o presidente da República, e eu falo isso com muita independência, não ter seguido a lista tríplice, é uma atribuição dele. Já aconteceu isso no meu Estado e agora aconteceu aqui no governo federal, mas o importante é que o procurador desempenhe seu papel dentro da lei e dentro da Constituição.
O senador também revelou que a Operação Lava-Jato foi um dos temas das conversas com Aras. Para Otto, o então juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol agiram "fora do limite da lei". O senador afirmou ainda não acreditar em alinhamento político do indicado à PGR com o presidente Jair Bolsonaro.
— Ele foi questionado sobre isso e respondeu à altura, o próprio Flávio Bolsonaro estava presente. Aras disse que a indicação do presidente não vai dar nenhuma conotação de que ele vá seguir aquilo que o presidente deseja. Como todos. Aqui foram indicados ministros do STF pela Dilma, pelo Lula, pelo Fernando Henrique. Quem indicou o Janot não foi, à época, a presidente Dilma? Ele seguiu a lei. O procurador tem que seguir a lei. Eu vou votar pela aprovação dele e ele não vai me dever absolutamente nada. Se eu estiver errado, ele vai lá e me denuncia porque tem que cumprir a lei — ressaltou.