Nos últimos dias, o cenário político brasileiro foi marcado pela revelação de ameaças a familiares de um integrante da mais alta instância do Judiciário, ataque a tiros contra a comitiva de um pré-candidato à Presidência da República e discursos inflamados de presidenciáveis.
Um dos fatos mais emblemáticos foi registrado na noite de terça-feira (27), quando dois ônibus da caravana de Luiz Inácio Lula da Silva foram alvos de disparos de arma de fogo, levando o embate para outro nível.
Ministro do STF ameaçado
Na terça-feira, o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, em entrevista ao jornalista Roberto D'Avila, da GloboNews, que sua família está recebendo ameaças. O magistrado informou que pediu providências à presidente do STF, Cármen Lúcia.
Fachin não especificou e não relacionou as ameaças a nenhum fato concreto. No mesmo dia, o STF informou que reforçou a segurança do ministro e dos parentes dele. Políticos como os presidentes da República, Michel Temer, do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), condenaram as ameaças.
Tiros em caravana
Na noite de terça-feira, dois ônibus da comitiva de Lula, que realiza caravana pelo sul do país, foram atingidos por pelo menos três disparos de arma de fogo. Um dos veículos era ocupado por jornalistas e outro transportava convidados da comitiva.
Ninguém ficou ferido e o coletivo onde estava o ex-presidente não foi atingido. Em vídeo divulgado no Facebook, Lula disse: "Não sou homem de correr de briga".
Políticos recriminaram ataque
Logo após o ataque à caravana de Lula, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que o ato é "inaceitável". Temer, em entrevista à Rádio Band News, afirmou que esse tipo de atitude é "uma pena" e cria "clima de instabilidade no país".
Eunício Oliveira declarou que casos como esse são "ataques à democracia". Já Rodrigo Maia, que também é pré-candidato ao Planalto, afirmou que o ataque é um episódio grave.
Em vídeo em suas redes sociais, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que foi um dos principais aliados dos governos do PT, também recriminou o atentado, afirmando que "o nazismo começou assim".
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman (PR), cobrou providências das autoridades paranaenses e federais para garantir a segurança do ex-presidente.
Presidenciáveis também condenaram ataque
Os pré-candidatos à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (PSD), Manuela d'Ávila (PCdoB), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL) também condenaram, em suas contas no Twitter, o ataque.
Frases polêmicas
Antes de condenar o ataque contra a caravana de Lula, Geraldo Alckmin disse, ainda na noite de terça, que a ação foi um efeito produzido pelos próprios petistas, que "estão colhendo o que plantaram", segundo o jornal Folha de S. Paulo. Nesta quarta, ele recuou e condenou o atentado.
Também nesta quarta, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) voltou a atacar o ex-presidente:
— Lula quis transformar o Brasil num galinheiro, agora está por aí colhendo ovos por onde passa — disse.
O deputado federal Nilson Leitão, líder do PSDB na Câmara, afirmou que o ataque deve ter sido uma "armação" dos próprios petistas. O parlamentar Fernando Francischini (PSL-PR) também sugeriu que o atentado foi simulado.
Investigação
Integrantes do PT no Congresso cobraram que o atentado seja investigado por forças federais e pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Logo após o ataque ser noticiado, Jungmann disse que a Polícia Federal (PF) não irá investigar o caso porque o crime não foi federal e cabe às autoridades estaduais atuar. A Polícia Civil do Paraná instaurou inquérito para apurar o caso.
Delegado afastado
O delegado Wilkinson Fabiano Oliveira de Arruda, que atendeu a ocorrência, não participará mais das investigações. Suas declarações logo após o ataque não foram bem recebidas pela cúpula da Secretaria de Segurança do Paraná (Sesp). Logo após o caso, ele disse que "pelo menos uma das marcas é de arma de fogo".
— Se as outras marcas são, apenas a perícia irá dizer — complementou.