O presidente Michel Temer (PMDB) condenou as ameaças contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava-Jato. Em entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila, exibida na terça-feira (27) pela GloboNews, Fachin relatou que sua família está recebendo ameaças. Ele também disse que já pediu providências à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, sobre o caso.
— Uma das preocupações que eu tenho não é só com o julgamento, mas também com a segurança de membros de minha família. Tenho tratado desse tema e de ameaças que têm sido dirigidas a membros da minha família — afirmou o ministro na entrevista.
Temer condenou as ameaças em entrevista à rádio BandNews, de Vitória, na manhã desta quarta-feira (28).
— Não se pode ameaçar ministros do Supremo — disse o presidente.
Fachin relatou que já pediu providências também à Polícia Federal. As medidas, disse, já estão sendo adotadas.
A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, afirmou que já reforçou as seguranças dos ministros. O desconforto de Fachin com xingamentos e ofensas por e-mail vem aumentando desde o ano passado, quando ele passou a ser o relator da Lava-Jato, substituindo Teori Zavascki, morto em acidente aéreo.
O ministro vem recebendo mais mensagens na esteira da maior exposição pública com os desdobramentos da operação e da delação premiada da J&F, que atingiram a classe política em Brasília.
No fim do ano, Fachin confidenciou a interlocutores o incômodo com a situação e entrou em contato com a Polícia Federal, ainda que as mensagens hostis fossem consideradas algo mais difuso. O ministro é mais preocupado com a segurança de sua família do que com a dele mesmo, segundo relatos.
Outros integrantes da Corte já viraram alvo de ofensas, tanto na esfera virtual quanto pessoalmente. O ministro Ricardo Lewandowski recebeu mensagens de insulto enquanto comandava o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Gilmar Mendes foi hostilizado nas ruas de Lisboa e em voo comercial. Já Marco Aurélio Mello foi bombardeado com e-mails e telefonemas críticos à sua postura no julgamento do habeas corpus ajuizado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.