Além de provocar prejuízos em Porto Alegre, a grande enchente de 1941 devastou diversas áreas no interior do Estado. Os rios, que atingiram marcas recordes, invadiram cidades, acabaram com lavouras e destruíram infraestrutura de transportes.
Mesmo com o noticiário mais concentrado na duradoura enchente na capital, a imprensa também descreveu os problemas em outras cidades gaúchas. Com base nas notícias dos jornais A Época, O Momento, Correio da Manhã, A Noite, Jornal do Comércio e Diário de Notícias, reproduzimos relatos sobre os impactos na Serra e pelo Estado no início de maio de 1941.
Em Caxias, a chegada do trem vindo de Porto Alegre passou a ocorrer apenas à noite, impactando o deslocamento da população, o abastecimento, o comércio e a indústria locais.
Por meio de um telegrama, a antiga Associação Comercial, presidida por Otoni Minghelli, solicitou à direção da Viação Férrea do Rio Grande do Sul o restabelecimento dos antigos horários (saída da Capital às 6h, chegando aqui às 12h30min, com retorno a Porto Alegre às 13h55min). A normalização deu-se somente cinco meses depois, em 13 de outubro de 1941, conforme nota divulgada na véspera pelo jornal A Época.
No sul do Estado, a Lagoa dos Patos provocou inundações em Rio Grande e Pelotas. Ruas, casas e empresas foram invadidas pelas águas. Já em Canoas, município com 17 mil habitantes à época, diversas áreas ficaram inundadas pelo Rio Gravataí.
DANOS PELO ESTADO
:: Alegrete: a enchente destruiu 500 casas. São "incalculáveis" os danos em estradas, pontes, redes de água e esgoto.
:: Antônio Prado: chuvas torrenciais causaram danos em estradas e pontes, além de lavouras.
:: Bento Gonçalves: danos em estradas e pontes, sem registro de "desastres pessoais".
:: Cachoeira do Sul: muitos prejuízos nas lavouras de arroz.
:: Candelária: enchente destruiu mais de 75% da produção agrícola. Cidade ficou muitos dias isolada, sem qualquer comunicação ou socorro. Centenas de famílias atingidas.
:: Caxias do Sul: serviço de comunicação estava quase totalmente interrompido. Apenas sete das 26 linhas de ônibus operavam. Houve desmoronamentos de terra próximo a Galópolis.
:: Guaporé: bloqueios de estradas e queda de várias pontes.
:: Itaqui: foram 800 socorridos devido à cheia do Rio Uruguai.
:: Lajeado: moradores precisaram se refugiar no telhado das casas. Sem citar o total, informaram que era elevado o número de mortos.
:: Rio Pardo: prejuízo de 50% na lavoura de arroz.
:: São Borja: mais de 300 flagelados foram recolhidos.
:: São Gabriel: grandes prejuízos em lavouras de arroz.
:: São Jerônimo: a enchente do Rio Jacuí atingiu dois terços da cidade, que ficou completamente sem luz.
:: São Leopoldo: o Rio dos Sinos invadiu a cidade.
:: São Sebastião do Caí: chegou a 2,3 mil o número de flagelados.
:: Triunfo: chegou a 900 o número de moradores socorridos devido à enchente do Rio Jacuí.
:: Vacaria: a população ficou sem telefone. Comunicação era levada a cavalo. A chuva destruiu pontes e estradas.
:: Venâncio Aires: a água cobriu grande parte do município, estendendo-se por oito quilômetros da margem do rio.
:: Veranópolis (Alfredo Chaves): foram "impressionantes" os desmoronamentos durante 15 dias de chuvas ininterruptas. A topografia "evitou que a economia fosse afetada".
:: Viamão: balanço de 270 flagelados.
Com informações do colega de memórias Leandro Staudt, da Gaúcha/ZH.