Dando sequência à abordagem sobre o auxílio prestado por empresas, instituições e comunidade caxiense durante a enchente de 1941, destacamos a lista publicada na edição de 18 de maio de 1941 do semanário “A Época”.
A reportagem frisou novamente os integrantes da comissão responsável por angariar donativos aos flagelados: o prefeito Dante Marcucci, o presidente do Núcleo Caxias da Liga da Defesa Nacional, Olmiro de Azevedo; o major Serôa da Motta, do comando do 9º Batalhão de Caçadores; o delegado regional de Polícia, Francisco da Rosa Macalão; o presidente da Associação Comercial, Otoni Minghelli; a senhora Rosalba Hypólito, diretora da Escola Complementar, e o bispo Dom José Barea - o grande articulador de todo aquele movimento.
Conforme destacado na edição de 26 de maio de 1941 do jornal “O Momento”, Barea determinou a todos os vigários da Diocese que se movimentassem na coleta de recursos financeiros. Na sequência, “promoveu a concorrida reunião no Palácio Episcopal”, onde recebeu o apoio integral do grupo citado acima. Confira a reportagem original abaixo.
A saber: Dom José Barea foi empossado como primeiro titular da Diocese de Caxias do Sul em 1936, cinco anos antes da histórica enchente que atingiu o Estado. O religioso faleceu em 19 de novembro de 1951.
QUEM AJUDOU
Confira a relação dos contribuintes, detalhada na matéria “O Concurso de Caxias em favor dos flagelados”, publicada no jornal “A Época” de 18 de maio de 1941 (reprodução abaixo).
:: Oficiais e praças do 9º Batalhão de Caçadores
:: Sociedade Vinícola Riograndense Ltda
:: Instituto do Vinho
:: Industrial Madeireira Ltda
:: Eduardo Mosele & Cia (Vinícola Mosele)
:: Importadora Comercial Ltda
:: Aristides Germani & Filhos
:: Abramo Eberle & Cia
:: Grupo Escolar Maguari
:: 24ª Turma do Tiro de Guerra
:: Guerino Sanvitto & Cia
:: José Cesa & Sobrinho
:: Eberle, Ludwig & Cia
:: Veronese & Cia
:: Bispado de Caxias
:: De Carli & Cia
:: Tecelagem Marisa (firma, empregados e operários)
:: Casa Magnabosco (firma e funcionários)
:: Viúva João Triches (Lojas Triches)
:: Irmãos Panceri (tecelagem)
:: Irmãos Leonardelli & Cia (cervejaria)
:: Matteo Gianella & Cia (lanifício)
:: Luiz Pizzamiglio & Cia
:: Ettore Pezzi
:: & Salatino
:: Clero da Catedral
:: Angelo De Carli
:: Sociedade Construtora Caxiense
:: Clélia Manfro
:: Sra. José Mandelli
:: Frederico Rossetti
:: Antônio Meletti
:: Olavo Danckwardt
:: Curtume Tupy
:: Sociedade Operária São José
:: Ginásio São José (confecção de roupas por alunas e suas famílias)
:: Escola Complementar (agasalhos recebidos da população)
"AVARIAS DA ENCHENTE"
Episódio curioso verificado em Caxias foi a comercialização de “avarias da enchente”. Nota publicada na edição de 26 de maio de 1941 do semanário “O Momento” destacou:
“Vários comerciantes desta cidade compraram em Porto Alegre regular estoque de fazendas, um tanto avariadas da enchente verificada ali há pouco. Naturalmente, depois de escolhido o prestável, estamos certos, serão vendidas à população pobre por preço de encher o olho as referidas fazendas, a maioria delas superiores pelúcias e cachas”.
A ampla procura pelas peças foi noticiada pelo mesmo jornal em sua edição seguinte, de 2 de junho de 1941:
“Cobertores, pelúcias, brins e várias outras fazendas ‘flageladas’ movimentaram e estão movimentando o comércio da cidade, com grande repercussão na colônia. O alto comércio local adquiriu, em Porto Alegre, milhares de contos de réis em fazendas ‘flageladas’. E o povo, atraído pela pechincha, compra faturas inteirinhas de fazendas ensopadas pelas águas do Guaíba, enfurecidas pela devastadora enchente. Males de uns…” (Jornal O Momento, 2/6/1941).