O radioamadorismo teve papel fundamental no compartilhamento de mensagens e atualização de notícias durante a histórica enchente de 1941. Um recorte desse esforço coletivo foi destacado na edição de 5 de maio de 1941 do semanário caxiense “O Momento” (confira abaixo).
Intitulada “A enchente e os rádios amadores”, a reportagem evidenciou o trabalho realizado em Caxias pelo capitão Diógenes Assunção, do antigo 9º Batalhão de Caçadores (quartel) – naquele maio de 1941, a cidade ficou completamente isolada da Capital e de dezenas de municípios da Serra.
Confira parte do texto original:
“Inestimáveis serviços prestaram e estão prestando, durante os trágicos e apreensivos dias, os radioamadores de todo o Estado, em cadeia com os rádios transmissores de Porto Alegre. Tivemos a feliz oportunidade de constatar os assinalados serviços que prestou o ilustre capitão Diógenes Assunção e seu aparelho, transmitindo desta cidade não só diversas notícias, como também as mensagens especiais expedidas pelo preclaro Interventor Cel. Cordeiro de Farias a todos os prefeitos”.
Na reprodução abaixo, a contracapa da edição de 5 de maio de 1941 do jornal "O Momento", trazendo também a informação de que, a qualquer momento, Porto Alegre poderia ficar às escuras e sem água.
COMUNICAÇÃO COM ENCANTADO
Capitão Assunção também atendeu a uma demanda do padre Eugênio Giordani, que dali a um ano, em 1942, assumiria a recém-criada Paróquia de São Pelegrino. Confira parte do texto original:
“Ainda por intermédio do radioamador capitão Assunção, foram transmitidas algumas mensagens e notícias desta cidade para Porto Alegre, colocando à disposição da Rádio Farroupilha a quantia de 800$000 (800 mil réis), destinada aos flagelados da Capital e aqui angariada pelo reverendo padre Eugênio Giordani. O sacerdote, pelo mesmo conduto, comunicou-se com Encantado (sua cidade natal), de onde obteve notícias de sua família e da enchente ali reinante. Eram precisamente 21 horas de ontem quando o padre Giordani deixou de ‘corujar’ o aparelho do capitão Assunção, depois de agradecer aos radioamadores receptores das notícias e mensagens enviadas. Ouvimos muito bem a ação desenvolvida pelo Eloy Fritsch e pelo Benício. O nome deste último era, por vezes, olvidado pelo capitão Assunção. E a chuva prossegue!” (O Momento, 5 de maio de 1941).
RECONHECIMENTO
O trabalho dos radioamadores de Caxias também foi destacado e elogiado na edição de 11 de maio de 1941 do jornal “A Época”, conforme a página original reproduzida abaixo.
“Os serviços desta cidade eram transmitidos pela Rádio-Telegrafia do 9º Batalhão de Caçadores (9º BC) e estações de Radioamador PY3EL, do capitão Diógenes Assunção, e PY3JF, do jovem Eloy Fritsch. A maioria era expedida diretamente à Estação de Rádio do 2º Batalhão Regional, em Lages (SC), que dali retransmitia para Porto Alegre, pelo telégrafo nacional. Reconhecendo os préstimos inestimáveis que o capitão Diógenes Assunção, Eloy Fritsch e os cabos Omar da Cruz Corrêa e Manoel Adolfo Carvalho (rádio-telegrafistas do 9º BC) prestam à população de Caxias e do Estado, aqui os recomendamos à simpatia e à gratidão de todos, porquanto são disso bem merecedores”.
(A Época, 11 de maio de 1941).