O vasto acervo fotográfico mantido pela família do ex-prefeito de Caxias do Sul Rubem Bento Alves (gestão 1956-1959) engloba centenas de registros referentes não apenas a obras públicas e investimentos nas áreas da saúde e educação. Traz também momentos dramáticos da segunda metade da década de 1950, entre eles as imagens feitas após a “chuva de pedra” que devastou o distrito de Fazenda Souza em 10 de dezembro de 1958.
Embora tenha atingido diversas localidades do interior, foi lá que o temporal causou os maiores danos. Conforme destacado pelo Pioneiro de 13 de dezembro de 1958, foram 26 minutos de granizo:
“A catastrófica chuva de pedra que, na última quarta-feira, assolou o município deixou suas marcas indeléveis de destruição e horror. O forte vento que acompanhou o granizo também ajudou a espalhar a destruição. Sobre a Estrada Federal, entre esta cidade e o distrito de Ana Rech, viam-se pinheiros de quase trinta metros de altura arrancados pela fúria do vento. Em Ana Rech, numa área de 200 metros quadrados, havia mais 14 árvores arrancadas. Mas o distrito que mais sofreu com o granizo foi o de Fazenda Souza. Seria longo descrever o quadro de ruína deixado pela catástrofe. Basta dizer que tudo foi destruído. Não houve plantação que se salvasse: vinhedos, batatais, plantações de milho, de trigo, de aveia, hortas, tudo ficou arrasado. Os prejuízos são calculados em cerca de 40 milhões de cruzeiros. Após a queda do granizo, por baixo dos parreirais e por sobre as plantações havia 40cm de gelo”.
PREJUÍZOS NO SEMINÁRIO
A reportagem do Pioneiro trouxe outros detalhes do ocorrido:
“Fazenda Souza foi o distrito mais atingido, incluindo nele as localidades limítrofes com Ana Rech, como sejam São Brás e Santo Homo Bom. Tudo isso é tétrico, tendo-se em consideração que Fazenda Souza é, depois do distrito de Santa Lúcia do Piaí, o distrito de maior produção agrícola do Município. O agricultor Clarindo Antoniolli, que possui cerca de 6 hectares de terra plantados com vinhedos, assegurou que na próxima safra não colherá nem 100 quilos de uva. No seminário dos Reverendos Padres Josefinos, foram quebrados 200 vidros”.
COMITIVA CONFERIU ESTRAGOS
A pedido do subprefeito de Fazenda Souza, Adelar Mazzochi, e dos agricultores, o prefeito Rubem Bento Alves visitou a localidade no dia seguinte (fotos acima e abaixo). Dirigiu-se ao distrito na companhia de Hilário Buzelatto, representante da Câmara de Vereadores; João Tessari, presidente da Associação dos Agricultores; Moacir Falcão Dias, engenheiro agrônomo da Estação Experimental de Viticultura e Enologia; Idual Garbin, engenheiro do Laboratório de Enologia; e Guilherme do Valle, subprefeito do 1º Distrito.
Em reunião no salão paroquial de Fazenda Souza, o padre João Bonetto fez coro aos pedidos do subprefeito e dos cerca de 300 agricultores presentes: conseguir auxílio municipal, estadual e federal para recuperar as perdas.
Conforme destacado pelo Pioneiro, o prefeito Rubem Bento Alves também interferiria junto às agências locais do Banco do Brasil e do Banco do Rio Grande do Sul, através de suas carteiras de crédito agrícola, para conseguir financiamentos aos agricultores atingidos. Já o agrônomo Idual Garbin expôs aos viticultores o melhor caminho para a recuperação das videiras.
AGUACEIRO NA CIDADE
A tormenta de dezembro de 1958 também deixou prejuízos pela área urbana. Conforme o Pioneiro, “o forte aguaceiro inundou inúmeras firmas. Só na cidade, os prejuízos são avaliados em quase 10 milhões de cruzeiros”.
Relato do jornal “Panorama” destacou ainda o estrago na Oficina Mecânica Santo Antônio, na Rua Vinte de Setembro (atual loja Quero-Quero, em frente ao Hiper Zaffari). Confira parte do texto original:
"A ventania arrancou grande parte do telhado, lançando-o sobre a Fábrica de Confecções Sebben, que também teve a cobertura danificada, tendo a chuva inutilizado boa quantidade de artigos".
COLABORAÇÃO
Fotos desta página são uma colaboração de Rui Bento Alves e Carmencita Bento Alves, respectivamente filho e nora do ex-prefeito Rubem Bento Alves.