O ano de 1952 ficou marcado por dois incêndios que destruíram pontos de referência do comércio caxiense: a Ferragem Caxiense (e por consequência a Casa Minghelli), em 23 de novembro, e a firma Guerino Sanvitto & Cia, 10 meses antes.Foi na madrugada de 17 de janeiro de 1952, quando as labaredas atingiram a ferragem de Guerino e as dependências da Malharia Jane, que funcionava no mesmo prédio, na esquina das ruas Os Dezoito do Forte e Marechal Floriano — onde hoje situa-se um posto de combustíveis.
Conforme reportagem do Pioneiro daquela semana, "um violento incêndio destruiu completamente as instalações da firma Guerino Sanvitto & Cia, organização comercial muito conhecida e conceituada em toda região Nordeste do Estado. O fogo teve início pelas 4h30min, perto da porta, propagando-se com extraordinária rapidez, no que foi auxiliado pelos materiais explosivos e de fácil combustão que se encontravam próximos".
Parte dos produtos foi salva graças ao trabalho dos bombeiros e à colaboração do então 3º Grupo de Canhões Automáticos Antiaéreos 40mm. Mesmo assim, os danos não foram poucos, conforme o texto do Pioneiro de 19 de janeiro de 1952.
"Os prejuízos são bastante elevados, orçando-se em mais de Cr$ 1 milhão. O valor das mercadorias talvez alcançasse Cr$ 1 milhão e 700 mil, sendo que Cr$ 550 mil estavam cobertos pelo seguro. O edifício, de propriedade do sr. Pedro Soldatelli, de Flores da Cunha, estava assegurado, mas com uma importância muito baixa".
Na sequência abaixo, alguns registros do Studio Geremia para a movimentação daquela manhã. As imagens, que também foram usadas na matéria do Pioneiro de 1952, integram o acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
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No jornal Diário do Nordeste
Segundo reportagem do jornal Diário do Nordeste de 18 de janeiro de 1952, "boa parte da mercadoria sinistrada era representada por um estoque de fios de lã, destinados à Malharia Jane, também de propriedade da referida firma".
No detalhe abaixo, um anúncio de 1943 do jornal "A Época", destacando as malhas de lã e os produtos da ferragem: fornos para queima de cal, tintas, louças, vidros e secos & molhados. Na sequência, a notícia do incêndio nos jornais Diário do Pioneiro e Diário do Nordeste, em 1952.
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Repercussão na imprensa
Texto do jornal Diário do Nordeste de 1952 (acima) descreveu o cenário de destruição:
"Em pouco menos de duas horas, ao grande empório da firma Guerino Sanvitto & Cia não restavam senão as quatro paredes fumegantes, numa impressionante demonstração da devastação do fogo".
Conforme a reportagem do Pioneiro de 1952 (abaixo), a firma Guerino Sanvitto & Cia estava por sofrer uma modificação contratual, passando a denominar-se Mercantil Plentz & Cia Ltda. Na época, Guerino era sócio do empresário Orlando Plentz, que, em 1956, tomou a linha de frente da Malharia Jane, pertencente ao negócio. A malharia funcionaria a partir de então na Rua Coronel Flores, 143, entre a Bento Gonçalves e a Vinte de Setembro, tendo como técnico o senhor Umberto Gremo.
Na imagem mais abaixo, a Malharia Jane é destacada na publicação Caxias do Sul - A Metrópole do Vinho, lançada em 1957 pelo jornalista Duminiense Paranhos Antunes.
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Labaredas
As labaredas e a fumaça naquela madrugada foram tão intensas que, segundo lembranças de moradores mais antigos, podiam ser avistadas desde a Rua Tronca e a Avenida São Leopoldo.
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