Chamou a atenção o fato de Caxias do Sul ficar de fora do Dia D contra a dengue, realizado neste sábado (02) em todo o país. Na região, municípios como Farroupilha, Canela e Flores da Cunha realizaram ações, que tinham o objetivo de conscientizar a população sobre a necessidade de ampliar o combate ao mosquito Aedes Aegpty, vetor de transmissão do vírus que causa da doença.
A Secretaria de Saúde de Caxias (SMS) deu uma explicação que, para mim, só comprova que a questão não está sendo avaliada com a urgência necessária. Por meio de nota, a pasta divulgou que "o Dia D de combate à dengue será realizado no dia 9 de março, em conjunto com a abertura das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para a realização do Mutirão de Saúde da Mulher. A decisão de realizar o Dia D da Dengue no dia 9 de março visa evitar o pagamento de horas extras em dobro, otimizando recursos e ampliando o tempo de divulgação da ação.”
Otimizar o uso do dinheiro público, sem dúvida, é algo que sempre precisa ser pensado. No entanto, esta decisão me dá a impressão de que a luta contra a dengue está sendo colocada como adendo, como complemento. Isso fica mais estranho quando a mesma nota diz que “os agentes de combate às endemias estão em campo hoje (02/03) com orientações à população e verificação de denúncias”. Se as equipes estão trabalhando, por que não ampliar isso e aproveitar a onda de divulgação nacional criada em torno da dengue neste sábado? Ou que tal fazer a ação nos dois finais de semana, mostrando o perigo que estamos correndo?
O fato é que a mobilização em torno da dengue tem ficado aquém do necessário em Caxias do Sul, dá a impressão de que estamos dependendo somente do trabalho da Vigilância Ambiental, que faz o que pode, mas longe de ser suficiente. Por exemplo, onde está uma grande campanha de conscientização sobre eliminação dos criadouros, ou uma mobilização de vários órgãos para um pente-fino em pontos onde foram detectados casos da doença? Nada disso tem sido feito, e mesmo ações como a aplicação de inseticida em pontos afetados, que têm sido feitas, poderiam ser melhor divulgadas e explicadas, para dar à população uma dimensão do perigo que estamos vivendo.
Ano a ano, Caxias tem batido recorde no número de focos do mosquito transmissor, e casos autóctones já foram registrados. Enquanto isso, estados como Acre, Minas e Goiás, além do Distrito Federal, já declararam emergência em relação à dengue, assim como diversas outras capitais e cidades país afora. Comparados a esses locais, ainda estamos em uma fase inicial, e justamente por isso, ainda temos tempo para investir energia e dinheiro em uma grande ação preventiva, antes que a situação saia de controle. Estamos esperando o quê?