A cerimônia de comemoração do aniversário de 50 anos do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) de Caxias do Sul, realizada na quinta-feira (12), teve um anúncio especial. Durante a cerimônia, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier, comunicou que o Sesi autorizou a destinação de R$ 50 milhões para a construção de uma escola de Ensino Médio em Caxias do Sul. O icônico prédio do Senai Nilo Peçanha, localizado na Rua Vereador Mário Pezzi, no bairro Exposição, vai passar por uma ampla reforma para receber a nova instituição. Hoje ele não é mais utilizado para as atividades do Senai, que foram transferidas para a Mecatrônica, na UCS.
A ideia de implantação em Caxias vem sendo estudada há alguns anos, e é a sequência de um projeto educacional do Sesi. Em 2014 foi instalada em Pelotas uma escola de Ensino Médio da instituição, como projeto-piloto para uma nova metodologia de aprendizagem. A meta era adaptar experiências de outros países à situação brasileira, fazendo com que os jovens pudessem estar mais próximos da realidade do mercado de trabalho ao completar os estudos.
De acordo com o superintendente do Sesi no RS, Juliano Colombo, o resultado tem sido muito positivo, com a iniciativa sendo apontada pelo MEC como uma das mais inovadoras em termos de educação no país. A consequência é a ampliação da rede, com escolas já instaladas em Sapucaia do Sul, Gravataí, Montenegro, São Leopoldo, Canoas e Lajeado, além de Pelotas. Bento Gonçalves teve o projeto lançado no início deste mês, e a instalação em Caxias é a próxima etapa.
Colombo ressalta que a cidade não podia ficar de fora do pacote, em virtude da tradição industrial e do histórico que o Senai Nilo Peçanha tem na formação profissional da região. A nova escola do Sesi é a sequência desta trajetória, mas com com a metodologia de ensino totalmente ajustada aos novos tempos.
– Não é uma escola onde tem a sala da robótica. Nessa escola a gente tem robótica em todas as fases. Nós temos espaços de experimentação, e os alunos circulam pelas salas de aula. Temos a sala da matemática, a sala das ciências e, a partir do segundo ano esses alunos têm uma conexão com a educação profissional, onde eles passam a frequentar uma parte da carga horária com o Senai, que também está na escola – explica o superintendente.
O Senai vai repassar a área para uso do Sesi, em um entendimento facilitado pelo fato de ambas as entidades serem subordinadas à Fiergs. Com os R$ 50 milhões para as obras garantidos, a ideia é que a licitação seja lançada em janeiro, e que os trabalhos comecem ainda no primeiro semestre de 2025. Colombo ressalta que, por ser um prédio com características históricas e necessidade de preservação, a adaptação deve andar em ritmo um pouco mais lento que o usual, com a estimativa de conclusão em dois anos. Está prevista, inclusive, uma escavação, para construção de um estacionamento.
O projeto prevê que a futura escola receba até 1,5 mil alunos no Ensino Médio integral, e reserva 500 vagas para Educação de Jovens e Adultos (EJA) no período da noite. O ensino é pago, mas Colombo informa que nas unidades já existentes há grande percentual de inscritos que são filhos de trabalhadores ligados à indústria, e que com isso contam com bolsas parciais e totais.
Ele aponta a implantação do novo método como um motor para a melhoria da educação no Estado, o que atende a uma demanda do mercado de trabalho, que se queixa do recebimento de jovens com muitas dificuldades de inserção:
– Dois terços dos alunos saem do Ensino Médio sem ter as habilidades necessárias para transitar na economia moderna, e 98% não têm o aprendizado adequado em matemática. É trabalhado para dar base a esses alunos, para que possam escolher se querem fazer ensino técnico, faculdade ou se querem empreender.
Sinduscon apoiou negociações
Para a presidente do Sinduscon Caxias, o anúncio da construção da escola durante o evento dos 50 anos do sindicato foi um grande presente. Maria Inês Menegotto de Campos revela que entidade acompanhou as tratativas desde o início, e se envolveu mais diretamente no momento em que a área do Senai Nilo Peçanha foi escolhida como sede.
A participação aconteceu principalmente no uso de argumentos técnicos para convencer a prefeitura de Caxias e os órgãos de preservação sobre a viabilidade do empreendimento, que além da importância educacional, será um marco para a conservação do patrimônio histórico da cidade.
– Ninguém melhor que essa entidade (o Sesi) para preservar esse patrimônio. Foi feito um projeto de preservação de excelência, com restauro de partes arquitetônicas de cunho histórico do prédio que ficarão à mostra. É o que a gente deveria ter em várias outras obras: utilizar o espaço não somente como um museu, mas com cunho comercial também, que possa ser usado por todos, e é a ideia desse espaço – defende Maria Inês.
A presidente do Sinduscon ainda aponta que o fato de dar destinação ao prédio de 4,4 mil metros quadrados, hoje subutilizado, além dos benefícios sociais e econômicos, também é importante em nível urbanístico para a cidade, levando movimento para o bairro:
– Em nível de urbanismo, o que se quer é movimento em áreas centrais, trazendo vida para os locais. A gente precisa de gente transitando, e então esse empreendimento vai ser fundamental, juntando-se com o complexo do Emílio Meyer, a Praça Monteiro Lobato e a Maesa. Vai se tornar um espaço muito bom para a cidade.