Por Alfredo Fedrizzi, jornalista e consultor
O Rio Grande do Sul já fez inúmeros planos estratégicos e cartas de intenção, contratou consultorias e montou estruturas de todo tipo para sair do buraco e recuperar a capacidade de desenvolvimento. Mas pouco adiantou. Quase todas as iniciativas mal saíram do papel, apesar de incontáveis reuniões, acordos, protocolos. Já usamos, inclusive, o argumento de que somos o meio do caminho entre Buenos Aires e São Paulo para atrair investimentos.
Agora, com o Pacto Alegre, temos a última chance de mudar esse quadro e acabar com a crença de que aqui nada dá certo e que o melhor caminho é o do aeroporto. Com isso, já perdemos incontáveis talentos. Uma das nossas dificuldades maiores foi superada. Unimos esforços de muitos players, a começar pela inédita união de três grandes universidades – UFRGS, PUC e Unisinos. Junto à prefeitura de Porto Alegre e dezenas de empreendedores, o cenário está montado.
Ainda falta deixar de lado o excessivo espírito crítico destruidor, que vê problema em tudo, botar a mão na massa e estimular a criação de empresas, desobstruindo o caminho da regulamentação excessiva e lenta, para atrair novas empresas e reacender a antiga capacidade empreendedora dos nossos antepassados. Perdemos muito tempo e deixamos muitas cidades e Estados passar a nossa frente.
Precisamos nos abrir para receber profissionais de fora e parar de exportar talentos. Precisamos simplificar leis, diminuir prazos, estimular que se formem mais engenheiros e cientistas da computação (a Inteligência Artificial vai dominar o mundo). No Brasil, 41% dos universitários se formam em Ciências Sociais, Negócios e Direito, 13% em Engenharia e 6% em Ciências da Computação. Temos 42 instituições de Ensino Superior somente em Porto Alegre. É necessário aproximá-las do mundo empresarial e buscar referências nas melhores universidades do mundo em cada área.
Precisamos de mais pluralidade no ecossistema educacional, o que a prefeitura de Porto Alegre já está estimulando. Empresas e espaços inovadores estão surgindo, dos parques tecnológicos, até a Fábrica do Futuro, u.Move.me, Perestroika e os inúmeros eventos focados em inovação. O ambiente está efervescente e favorável (Rio Grande do Sul é o Estado onde surgiram mais startups no Brasil: 915, enquanto São Paulo ficou com 890, segundo trabalho recente da McKinsey). O que falta é gente disposta a investir, arriscar a inovar e apostar em fazer diferente.