Por Igor Oliveira, consultor empresarial
O espaço ocupado pela Venezuela na política brasileira é peculiar. A direita diz que o problema é o chavismo, um governo de esquerda. A esquerda diz que o problema são as aspirações dos Estados Unidos pelo petróleo venezuelano. Na última eleição, as duas principais candidaturas acusavam-se mutuamente de querer transformar o Brasil em Venezuela.
E se tanto o chavismo quanto a relação da Venezuela com os EUA forem sintomas de uma mesma doença?
As grandes nações possuem estruturas militares inteiras, construídas ao longo de décadas para conquistar e manter recursos.
O petróleo é justamente o símbolo desse tipo de estratégia, que une dominação econômica e militar. O óleo já não vale tanto dinheiro quanto no passado, mas, ainda assim, essas estruturas não podem ficar paradas. São fruto de um investimento trilionário realizado pelas grandes potências globais. Deixá-las inertes significa perder dinheiro.
Normalmente, a pressão exercida por essas grandes potências acaba por desmontar as instituições democráticas das nações que são alvos dessas estratégias. Entra em cena um governo autoritário, seja de direita ou de esquerda. Ideologia é só uma ferramenta nas mãos dessas máquinas de guerra.
O que mantém a Venezuela presa em meio a essa disputa de titãs é a dependência do petróleo. Oitenta por cento das exportações do país são de óleo cru, a forma mais primitiva de ganhar dinheiro com petróleo.
Para escapar dessa armadilha, é preciso fazer duas coisas: diversificar e complexificar a economia. Se a Venezuela detivesse tecnologias usadas para agregar valor ao petróleo, isso já seria um grande avanço, mesmo que ainda dependesse da mesma cadeia de valor.
Melhor ainda é quando a expertise adquirida no petróleo começa a ser usada em outros setores. Para isso, é preciso investir em educação e ciência. Foi assim que a Noruega, por exemplo, conseguiu. Essa, aliás, é uma lição que vale para a Venezuela e para qualquer outra nação.