Migração de venezuelanos
Sem revelar as providências que tomará para controlar o fluxo de venezuelanos que entram por Roraima, Bolsonaro pretende endurecer as regras para imigrantes. Ele afirma que revogará a adesão ao Pacto Mundial das Migrações, assinado em dezembro, pelo chanceler Aloysio Nunes.
De acordo com a especialista em Direito Internacional Carolina Claro, o Brasil tem 70 mil venezuelanos, contra 1 milhão na Colômbia, principal destino dos refugiados. Para ela, é preciso manter a política atual:
— O governo tem o desafio de continuar com as políticas de interiorização. São pessoas que buscam refúgio no país mais próximo, mas mantêm a intenção de voltar à origem.
Embaixada em Israel
A transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, seguindo os passos dos Estados Unidos, foi defendida por Bolsonaro em diversos momentos na campanha e após a eleição.
Em visita ao Brasil para acompanhar a posse, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse no domingo ter ouvido do presidente eleito que a mudança da embaixada para Jerusalém é certa:
— Bolsonaro me disse que a mudança da embaixada não é questão de "se" e sim questão de "quando".
A medida enfrenta forte resistência de países árabes, com potencial de prejuízos em exportações, como no mercado de carnes de aves. Entre janeiro e outubro deste ano, o Brasil exportou R$ 9,3 bilhões a membros da Liga dos Estados Árabes. No mesmo período, comercializou quase R$ 270 milhões a Israel.
— Se confirmar a transferência, será algo grave. Pode ser desastrosa. Duvido que haja boicote em grande escala, mas haverá consequências comerciais e diplomáticas — opina o diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Pio Penna Filho.
EUA, China e Mercosul
A aproximação com os EUA está na agenda de Bolsonaro. O país é o segundo destino das exportações brasileiras. O primeiro na lista, a China, tem um tratamento diferente.
O governo chinês já recebeu recados do presidente, que afirmou que qualquer país poderá "comprar no Brasil", mas não "comprar o Brasil". Apesar do discurso duro em relação aos asiáticos, analistas avaliam que o caráter liberal da equipe econômica do governo não deve trazer prejuízos aos investimentos chineses.
Sem descartar a aliança com o Mercosul, destino de quase 10% das exportações, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que essa relação comercial não será prioridade. Em vez de acordos multilaterais, as relações bilaterais com nações desenvolvidas serão priorizadas. Para especialistas, a ação poderá trazer retorno, mas, devido a entraves burocráticos, a médio e longo prazos.