Até o momento, 50 mortes foram registradas em razão das enchentes que atingiram o Estado no início deste mês. Outras oito pessoas estão desaparecidas, conforme a Defesa Civil. Muçum, no Vale do Taquari, concentra o maior número de óbitos: 16; em seguida está Roca Sales, com 13 mortes contabilizadas (veja mais informações no mapa abaixo).
Municípios onde ocorreram as 50 mortes:
- Muçum: 16
- Roca Sales: 13
- Cruzeiro do Sul: 5
- Lajeado: 3
- Colinas: 2
- Estrela: 2
- Ibiraiaras: 2
- Bom Retiro do Sul: 1
- Encantado: 1
- Imigrante: 1
- Mato Castelhano: 1
- Passo Fundo: 1
- Santa Tereza: 1
- São Valentim do Sul: 1
Quem são algumas das vítimas
Maria da Conceição Alves da Silva
Cozinheira de mão cheia, mãe zelosa e esposa companheira para todas as horas. Maria da Conceição Alves da Silva, 50 anos, é uma das 50 vítimas fatais das enchentes que atingiram o Vale do Taquari no início de setembro. No dia 5, ela faleceu durante tentativa de resgate do telhado de sua casa, em Lajeado, quando caiu no rio após o cabo que a transportava de helicóptero se rompeu.
Nascida no município de Bragança, no Pará, teve quatro filhos do seu primeiro relacionamento: Mario, Laiane, Paulo e Maiara. Trabalhava como manicure e pedicure quando conheceu o caminhoneiro gaúcho Milton Silva, o Presença, que viajava o país inteiro.
Vitor Hugo Pereira
Introvertido, mas querido pelos colegas de prefeitura de Lajeado. Assim é lembrado Vitor Hugo Pereira, 48 anos. Mesmo que não tivesse o feitio da socialização, era muito prestativo, disposto a ajudar, característica que marcou em quem trabalhou com ele.
— Ele estava sempre na dele, quietinho, nem redes sociais tinha. Mas um ótimo funcionário — lembra a secretária de Administração de Lajeado, Elis Hoss de Souza.
Vitor Hugo entrou para o quadro de servidores municipais em 1996, após ser aprovado em concurso. Ele passou pelos setores de tecnologia da informação (TI) e arquivo, onde desenvolveu sua função normalmente até segunda-feira (4), quando a enxurrada tomou conta também da cidade.
O corpo de Vitor Hugo foi cremado no Jardim Montanha dos Vales, em Santa Cruz do Sul.
Sebastião Nunes e Genecilde Freitas
Sebastião Nunes de Oliveira, 60 anos, e Genecilde Freitas, 52, deixaram sete filhos em Muçum, onde morreram durante a enchente que atingiu o município. Na noite de segunda-feira (4), eles estavam juntos do casal de idosos Alvaro Pietta, 75 anos, e Beatriz Maria Pietta, 72, e o filho deles, Macximiliano Ricardo Pietta, 46, que também perderam a vida nas enchentes na cidade.
O casal foi velado em Vespasiano Corrêa e enterrado no Cemitério Moriggi de Roca Sales no sábado (9). Segundo um dos filhos, os pais queriam ampliar a casa onde moravam para receber os filhos e netos. Genecilde era cuidadora de idosos e Sebastião, metalúrgico aposentado.
Alvaro Pietta, Beatriz Maria Pietta e Macximiliano Ricardo Pietta
O casal Alvaro Pietta, 75 anos, e Beatriz Maria Pietta, 72, e o filho deles Macximiliano Ricardo Pietta, 46, foram sepultados em 9 de setembro. O cortejo chegou de Vespasiano Corrêa, onde foi realizado velório coletivo de nove vítimas.
Beatriz era professora aposentada e adorava ler. A idosa enfrentava um câncer. O casal de idosos era conhecido na comunidade e plantava produtos orgânicos em sua propriedade. Os dois eram casados havia quase meio século. Max, como era conhecido, era o único filho do casal, residia com os pais e não tinha filhos.
Natural de Encantado, Beatriz se mudou para Muçum ainda na infância, com o pai e os irmãos, após a mãe falecer. Na adolescência, começou a lecionar. Considerada uma das melhoras alunas no colégio, chegava a pedalar 13 quilômetros na estrada de chão para chegar à escola. Foi professora por mais de 50 anos até se aposentar. O casal mantinha uma chácara onde passaram a se dedicar ao plantio.
Leandro Menegildo
Leandro Menegildo, 43 anos, trabalhava de forma autônoma na área de construção civil. Ele morava no bairro Niterói, em Canoas, mas estava em Muçum para ajudar a consertar o telhado da casa da mãe, que havia quebrado em razão da chuva de granizo que atingiu o município semanas antes da enchente.
Segundo o irmão, durante a chuva Leandro levou a mãe até a casa da tia, que fica em uma área afastada do centro de Muçum, e decidiu retornar para ajudar a salvar outras pessoas. Foi quando acabou se tornando vítima da enxurrada. Leandro deixou uma filha de 15 anos.
Zilda Bonatto Amaral
Zilda Bonatto Amaral, 90 anos, morreu no quarto da casa da filha, em Muçum, quando a água começou a subir na noite de 4 de setembro. Elisabete Simonaio, 65 anos, estava deitada quando ouviu um apelo da mãe no quarto ao lado. Ao botar os pés no chão, Elisabete mergulhou os tornozelos na água. Ao ver um sofá flutuando, colocou a mãe sobre o móvel. Por um instante, a mãe resvalou e o corpo inteiro mergulhou na água fria. Elisabete ergueu Zilda de volta, que nunca mais respondeu.
A filha passou a noite pendurada no sofá que flutuava pelo cômodo, segurando pela mão a mãe morta para que a correnteza de lama não levasse o corpo embora. Zilda foi sepultada no cemitério Santo Antão de Encantado em 9 de setembro.
Danilo Lourenzi e Vagner Lourenzi
Danilo Lourenzi, 71 anos, e o filho Vagner Lourenzi, 43, estavam na residência, em Muçum, quando a água começou a subir. O filho era paraplégico e amigos acreditam que o pai não quis deixá-lo.
Danilo levava o filho para todo o lado, inclusive para quadras de basquete. Vagner participava de campeonatos da modalidade para cadeirantes, na equipe Blindados do Vale, de Lajeado.
Evandro Bertoldi
Natural de Piraí do Sul, no Paraná, Evandro Bertoldi, 68, morava havia cerca de 40 anos em Muçum. Com a chegada da enchente, na madrugada de 5 de setembro, ele deixou a residência onde residia e se abrigou na casa de uma vizinha. No entanto, ao ver um cachorro sem conseguir fugir da água, tentou salvar o animal, mas acabou não resistindo.
O corpo de Evandro foi velado em 8 de setembro na Capela da Funerária Arezi, em Encantado; depois, ele foi sepultado no Cemitério Santo Agostinho, no mesmo município.
Claudiomiro Luiz da Trindade
Divulgado como a 16ª vítima das inundações em Muçum, Claudiomiro Luiz da Trindade, 54 anos, prestava serviço havia mais de uma década para a prefeitura. Conhecido como Cadi, o funcionário era considerado o "braço direito" na área de serviços gerais e, na noite de 4 de setembro, ajudava as equipes no combate aos problemas gerados pela enchente.
Quando voltou para casa, acabou morrendo afogado. Cadi não era casado nem tinha filhos. Ele deixa irmãos.
Sérgio Zílio e Terezinha Torres da Silva
Sérgio Zílio tinha 66 anos e era natural de Muçum. Ele e a companheira, também de 66, eram aposentados e residiam em São Leopoldo, no Vale do Sinos. O casal estava em Muçum para comemorar o aniversário de 61 anos do marido e do cunhado da irmã de Zílio, quando aconteceu a enxurrada. Sérgio e Terezinha ficaram desaparecidos por dias.
Zílio, que deixa dois filhos, era de uma das famílias mais antigas de imigrantes italianos que se estabeleceram em Muçum no final do século 19. Instalados em Linha Alegre, localidade rural a cerca de 20 quilômetros do centro, eles cultivavam uva, tomate, feijão e mantinham quatro vacas de leite em um sítio de 14 hectares.
O corpo de Sérgio foi encontrado no dia 7 de setembro, em Muçum. Já o de Terezinha, quatro dias depois, em Colinas.
Ana Mari Picolli Zílio
Ana Mari Picolli Zílio tinha 67 anos e teve o corpo encontrado em Colinas. Contudo, de acordo com a prefeitura de Muçum, ela era moradora de Linha Alegre, localidade do município.
Joeci Maria Filiceti
Joeci Maria Filiceti tinha 64 anos, era moradora de Muçum e foi velada no sábado (9) em Vespasiano Corrêa. Ela deixou dois filhos.
Sueli Baldo Pereira
Sueli Baldo Pereira tinha 84 anos e foi casada por 63 com Nilson Pereira, 83. A aposentada ficou abraçada ao companheiro o quanto pôde, até que a força da correnteza os separou. Eles se conheceram ainda adolescentes, em Muçum, quando a atração da cidade eram os bailes promovidos na comunidade, regados a música e danças de salão.
Costureira de mão cheia, Sueli passou a acompanhar o trabalho do marido e a parceria em casa também rendeu frutos no empreendedorismo. Passaram por Novo Hamburgo e Bento Gonçalves até retornarem para a terra onde se conheceram. Eles não tiveram filhos.
— Ela era muito alegre e não deixávamos de sair para dançar, de duas a três vezes por semana. Sempre juntos. Éramos "pés de valsa". Tinha gente nova que não nos acompanhava. Aproveitamos a vida — lembra Nilson.
Hedy Cattaneo e Gervasio Zanchetti
Nascido em Roca Sales, Gervasio Zanchetti, 90, foi morador da Linha Marques do Herval Picão até os 88 anos quando a doença de Alzheimer tirou sua intensidade. Agricultor nas barrancas do Rio Taquari, cultivava milho, soja, mandioca e criva porcos e gado.
Ficou viúvo em 2010 e, como gostava de dançar, encontrou em Hedy Cattaneo, 87, uma companheira com quem poderia frequentar os bailes da terceira idade.
— Um fato interessante é que, na sua juventude, o Taquari quase levou meu pai, que se safou pois sabia nadar. Mas agora, o rio foi traiçoeiro e as águas o alcançaram e ele não conseguia mais nadar — lamenta Celso Zanchetti.
Claire Bonatto
Claire Bonatto, de 87 anos, era uma mulher independente e altiva, alegre e cantante e morava sozinha. A idosa era prima da mãe do colunista de GZH Fabrício Carpinejar. Ela realizou procedimentos de emergência que costumava adotar em épocas de cheia. Levava tudo o que precisava para o segundo andar da sua residência híbrida de concreto e madeira, e seguia protegida até baixar o Rio Taquari e retomar a normalidade. O que ela não esperava é que o volume das águas subisse mais de 25 metros em algumas horas. Ficou presa na emboscada de sua própria casa, restando apenas o telhado visível.
— Claire era a gentileza anfitriã em pessoa, nossa rainha na Princesa das Pontes. O motivo que levava a minha mãe a retornar a Muçum. A parte da família que tinha permanecido na cidade. O elo das gerações de netos com os antepassados — escreveu Carpinejar em sua coluna.
Leda Ana Spessato
Leda Ana Spessatto, de 65 anos, era natural de Anta Gorda, mas morava em Encantado. Ela trabalhava em Roca Sales e Muçum. Nesta segunda cidade, Leda era cuidadora do casal de idosos Hedy Cattaneo, 87, e o companheiro dela, Gervasio Zanchetti, 90. Foi junto deles que o corpo de Leda foi encontrado. No local, ainda estava uma quarta vítima, Sueli Baldo Pereira, 84.
— Era uma pessoa maravilhosa, nos conhecíamos há mais de três décadas, e ela cuidava do meu pai há dois anos. Estava com muitas dificuldades pela idade avançada, então a Leda ajudava a Hedy — explica Jairo, filho de Gervasio.
O corpo de Leda foi sepultado na sexta-feira, dia 8 em Anta Gorda.
Jaqueline Medianeira Fagundes
Jaqueline Medianeira Fagundes, 45 anos, teve seu corpo encontrado pelos Bombeiros de Bento Gonçalves com apoio de bombeiros mergulhadores de Porto Alegre. O cadáver estava dentro de um carro, com cinto de segurança. O veículo, um Escort prata, foi achado a cerca de 300 metros da ponte de Santa Bárbara, na cidade de São Valentim do Sul, que foi levada pela chuva. Jaqueline era namorada de Rogério Godofredo de Oliveira, 37. Ele também morreu na enxurrada. Ela deixa 10 filhos.
Rogério Godofredo de Oliveira, 37 anos, foi enterrado no sábado, dia 9, na Igreja Selo de Deus Vivo, em Guaporé. O homem, natural de Porto Alegre, foi encontrado morto às margens do Rio Taquari, em Santa Tereza - um dos municípios da Serra atingidos pela cheia de segunda (4). De acordo com nota da Funerária São Pelegrino, Oliveira deixa três filhos, mãe e irmã. Rogério era namorado de Jaqueline Medianeira Fagundes, também morta na enxurrada.
Moacir Engster
Na manhã de 5 de setembro, o comerciante Moacir Engster, 57 anos, foi até a agropecuária da qual era dono, em Estrela, verificar os estragos provocados pelo temporal. Quando pisou na água que invadiu o estabelecimento, foi atingido por uma descarga elétrica.
Segundo o filho Guilherme Engster, que é secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo de Teutônia, os vizinhos chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para prestar socorro, mas Moacir não resistiu e morreu no local. Ele deixa a esposa, Eunice Engster, e o filho Guilherme.
Moacir foi vereador na Câmara de Estrela ente 1999 e 2003. Posteriormente, foi coordenador do departamento de Trânsito da cidade durante alguns anos.
Zenaide Bueno
Zenaide Bueno tinha 49 anos e era moradora de Estrela.
Ironi de Fátima Godoi Francescatto e Delve Francescatto
Delve Francescatto, 50 anos, e Ironi de Fátima Godoi Francescatto, 44, morreram após o carro em que estavam ter sido levado pela correnteza em Ibiraiaras, no norte do Estado, no dia 4 de setembro. Conforme a Defesa Civil, o casa ficou preso no veículo durante uma forte pancada de chuva atingiu a comunidade de Nossa Senhora Aparecida, no interior do município.
O casal tentou deixar o local por volta das 23h30min, quando o carro foi arrastado pelo rio por cerca de um quilômetro.
Neri Roberto Gonçalves da Silva
Neri Roberto Gonçalves da Silva, 67 anos, morreu após receber uma descarga elétrica em Passo Fundo, depois da chuva atingir a cidade, em 4 de setembro. Segundo moradores, o homem foi encontrado caído em casa e vizinhos prestaram os primeiros socorros.
A vítima foi levada por familiares ao Hospital Beneficente Doutor César Santos, mas não resistiu. A Defesa Civil confirmou que a morte foi causada por parada cardíaca motivada por descarga elétrica.
Beto, como era chamado pela família, deixa quatro filhos e dois cães, que foram resgatados e estão sob cuidado de parentes. Natural de Cruz Alta, morava em Passo Fundo havia mais de 30 anos.
Cristiano Schusler
Cristiano Schusler, 41 anos, morreu após o veículo em que ele estava ter sido arrastado pela correnteza em Mato Castelhano, no norte do RS. O homem voltava do centro da cidade com um amigo por volta das 3h quando o carro foi levado pela água. O outro ocupante do carro saiu do veículo e se segurou em galhos à beira do córrego, mas Cristiano não conseguiu escapar.
O veículo foi encontrado a cerca de 500 metros da estrada. O corpo de Cristiano foi localizado no Rio Piraçuce na manhã do dia 4 de setembro. Natural de Mato Castelhano, morava com a mãe.
Angelomar da Silva Marques
Angelomar da Silva Marques, 73 anos, era chamado de Ângelo por alguns. Mas muitos o conheciam como Anjo, o que facilitava na hora de identificá-lo. A força da correnteza o carregou no dia 5 de setembro, enquanto o mecânico aposentado auxiliava no resgate de pessoas atingidos pelas cheias.
Com a redução do rio, no dia seguinte, seu corpo foi encontrado em uma mata no bairro Glucostark, metros distantes de onde foi visto pela última vez com vida. Anjo, que deixou quatro filhas, foi sepultado no Cemitério Municipal de Cruzeiro do Sul.
Eurico e Dulce Scheffler
Eurico e Dulce trocaram alianças em 1967 e tiveram sua única filha Márcia Kirsten logo depois. Eurico trabalhava com máquina descarnadeira de couro em curtume e Dulce cuidava da casa. A origem alemã transparecia com frequência, especialmente quando os dois dialogavam no idioma dos antepassados em meio a frases em português.
A idade avançada não impedia o casal de caminhar pela cidade e participar do cotidiano da igreja. A filha ficou sabendo da enchente pela televisão e pediu para a Defesa Civil se dirigir até o local após a alta do rio, mas não era possível enviar barcos. Os corpos foram encontrados na quarta-feira (6) e sepultados na sexta-feira (8), no Cemitério Evangélico de Roca Sales.
Lara Hennig e Lincoln Tailãn Hennig
Os irmãos, de de sete meses e sete anos, respectivamente, foram encontrados na área rural de Roca Sales no dia 10 de setembro. O velório e o sepultamento foram feitos no Cemitério Evangélico do município. A mãe dos irmãos, Deiser Cristiane Vidal Hennig, segue desaparecida.
Elma Clara de Souza
Elma Clara de Souza tinha 99 anos e protagonizou uma uma história de sobrevivência. A idosa ficou nove horas agarrada em uma parreira à espera de resgate após a inundação que atingiu Roca Sales, no Vale do Taquari. De acordo com familiares, Elma Clara de Souza tinha insuficiência renal e o caso foi agravado por um quadro de hipotermia.
A aposentada foi resgatada de uma área alagada por uma equipe em um helicóptero e estava internada no Hospital São Camilo, em Encantado. No sábado (9), ela recebeu alta da unidade de tratamento intensivo (UTI) e foi para o quarto. Com a recuperação, havia expectativa de que ela deixasse a casa de saúde. Ela faleceu na quinta-feira, dia 14.
Yasmin Armani Bieleski e Miguel Armani Bieleski Jr.
Yasmin tinha um ano e Miguel apenas três meses de vida. Eles ficaram agarrados ao pai, Armani Bieleski, até que ele não aguentou mais e os pequenos foram arrastados pela força do Rio Taquari, em Lajeado. A mãe Ariel Armani também sobreviveu à tragédia.
Adila Weirich
Conhecida na família por ser uma pessoa querida e vaidosa, não era raro ver Adila, de 89 anos, exibindo um sorriso constante, sempre disposta a brincadeiras, mesmo depois da viuvez. Desde que o marido Ivo Weirich faleceu, morava sozinha no Centro de Roca Sales. Ela deixa dois filhos, Egon e Henrique.
Waldir Conzatti
Pessoa tranquila, amigo de todos, Waldir Conzatti, 74 anos, nunca quis briga com ninguém, nem mesmo aqueles atritos comuns entre irmãos. O agricultor aposentado, que residia no município de Roca Sales, morreu durante a enxurrada que atingiu a cidade. Filho de Albino e Rosalina, já falecidos, Zeca, como Waldir também era conhecido, deixou a esposa Adiles e os filhos, Rogério e Rangel.
A imagem de figura honesta e bondosa é a marca que Zeca deixará para as próximas gerações da família. Ele foi sepultado no domingo (10), no Cemitério Católico de Roca Sales.
Vilmare Santiago
Vilmare Santiago, 50 anos, era natural de Gravataí. Ele e a esposa, Jane Maria Dias, decidiram se mudar para Roca Sales há oito anos, uma semana depois de conhecerem o município. Foi uma paixão à primeira visita.
— Estávamos sempre juntos, nos bailes. Inclusive, passei a minha gravidez toda nos bailes — lembra Jane.
Ela brinca que Vilmare era seu “azedume diário”, por sua característica mais teimosa, mas, ao mesmo tempo, uma pessoa honesta, um legado que deixa para Natasha, a filha de 18 anos.
— Quando se aposentou, ele ficou chateado porque queria sempre poder oferecer o melhor para a gente — diz a viúva.
O ex-funcionário da empresa JBS, em Roca Sales, foi sepultado no Cemitério Municipal de Gravataí.
Rodrigo Martins Lopes
Rodrigo Martins Lopes tinha 35 anos e era morador de Roca Sales. O corpo dele foi encontrado em 24 de setembro, 20 dias após a chuvarada, em uma área de mata junto da Rua 31 de Março.
Maciel Tonini de Souza
Maciel Tonini de Souza, 33 anos, foi visto auxiliando em resgates antes de ser dado como desaparecido em Roca Sales, onde vivia. Conhecido como uma pessoa amorosa e prestativa, Maciel é filho do primeiro relacionamento de Ivanor de Souza, com Edi Tonini.
Ivanor tentou convencer o filho a sair de casa um dia antes da chuva mais forte na região, entre os dias 4 e 5 de setembro, mas não conseguiu. O corpo de Maciel foi encontrado no dia 6, perto da casa do pai — eles moravam em pontos opostos da cidade.
Marno Spellmeier
Marno Spellmeier era morador de Roca Sales e tinha 77 anos. Ele foi sepultado no domingo (10).
Helena Bonzanini
Helena Bonzanini, de 97 anos, morreu em Roca Sales. Ela deixou três filhos.
Carlos Alberto Tremarin
Em Roca Sales, Carlos Alberto Tremarin, de 54 anos, morreu enquanto tentava salvar a mãe e o cachorro. Segundo a família, no momento em que a água começou a subir, ele colocou a mãe, de 89 anos, em um barco. Após socorrê-la, foi atrás do cachorro e o colocou no telhado de casa, mas não conseguiu subir junto e se afogou. Carlos Alberto era aposentado e trabalhou em uma empresa calçadista da cidade.
Edi Hofliger Tietz
Edi Hofliger Tietz, de 77 anos, era moradora de Imigrante e foi a única morte registrada no município. Ela foi sepultada na quarta-feira (6) no Cemitério Sociedade Arroio da Seca, em Imigrante.