Introvertido, mas querido pelos colegas de prefeitura de Lajeado. Assim é lembrado Vitor Hugo Pereira, 48 anos, uma das 49 vidas perdidas na enchente no Vale do Taquari, no início de setembro. Mesmo que não tivesse o feitio da socialização, era muito prestativo, disposto a ajudar, característica que marcou em quem trabalhou com ele.
— Ele estava sempre na dele, quietinho, nem redes sociais tinha. Mas um ótimo funcionário — lembra a secretária de Administração de Lajeado, Elis Hoss de Souza.
Vitor Hugo entrou para o quadro de servidores municipais em 1996, após ser aprovado em concurso. Ele passou pelos setores de tecnologia da informação (TI) e arquivo, onde desenvolveu sua função normalmente até segunda-feira (4), quando a enxurrada tomou conta também da cidade.
— Eram 27 anos de serviços prestados, ele estaria quase se aposentando não fosse pela idade — diz Elis.
Todos os documentos que não tinham caráter histórico e precisavam ser catalogados ou arquivados passavam pelas mãos de Vitor Hugo. Solteiro, morava em frente à casa da mãe viúva, Ermelinda, e cuidava dela com ainda mais afinco do que se dedicava ao trabalho.
— Quando a água subiu, no dia da tragédia, eles subiram em mesas para que pudessem acessar o telhado. Vitor conseguiu colocar a mãe lá, mas, quando chegou a vez dele, uma perna da estrutura que ele montou se quebrou e ele acabou caindo – relata a secretária municipal.
Debilitada, a idosa chegou a ficar internada no hospital por causa do tempo que esperou até o resgate encontrá-la, de barco. O corpo de Vitor Hugo, que chegou a ficar desaparecido, foi encontrado na terça-feira (5) e velado na Sala “A” do Memorial Jardim da Montanha, em Lajeado.
— Os colegas todos ficamos muito impactados pela partida repentina. Era uma pessoa que não fazia mal para ninguém. Tínhamos muito carinho por ele. Ficou a saudade — lamenta a secretária Elis.
Vitor Hugo foi cremado no Jardim Montanha dos Vales, em Santa Cruz do Sul.