O aguaceiro que atinge o Rio Grande do Sul, com mais intensidade desde a noite de quinta-feira (15), causa uma série de transtornos em diferentes pontos do Estado — como alagamentos, deslizamentos de terra e bloqueios de rodovias —, já tirou a vida de ao menos três pessoas e deixou ao menos outras 11 desaparecidas, conforme dados do governo do Estado e de prefeituras de municípios afetados, obtidos até as 18h.
Em São Leopoldo, no Vale do Sinos, morreram duas pessoas: um homem de 23 anos, vítima de choque elétrico, e outro que teve o carro em que estava arrastado pela correnteza de um riacho.
Em Maquiné, no Litoral Norte, há uma morte confirmada, de um homem de 69 anos que estava dentro de casa com a esposa e a sogra, no bairro Mundo Novo, quando ocorreu um deslizamento de terra. As mulheres estão desaparecidas.
Em Caraá, também no Litoral Norte, a prefeitura afirma que há oito pessoas desaparecidas. O governo do Estado também diz que há um desaparecido em Portão, no Vale do Sinos — informação que não é confirmada pela prefeitura local.
O ciclone extratropical, marcado pela tradicional soma de chuva forte acima da média e rajadas de vento com maior intensidade, aumentou o nível das bacias e, consequentemente, de rios que cortam o Estado, colocando pessoas para fora de casa e provocando dificuldades de mobilidade. Cerca de 295 mil pontos estavam sem luz no RS até as 18h, segundo dados da RGE e da CEEE Equatorial.
As regiões mais atingidas, até o momento, são Litoral Norte, Serra, vales do Sinos, Paranhana e Caí, e Região Metropolitana. Em Porto Alegre, acúmulo de água em vias, semáforos fora de operação e congestionamentos, principalmente na Zona Sul, estão entre os principais transtornos relatados até o momento.
Veja a situação em algumas cidades afetadas:
Vale do Sinos
São Leopoldo
Duas pessoas morreram no município, segundo atualizações até o fim da tarde desta sexta-feira. Os casos foram informados mais cedo pelo governador Eduardo Leite, em vídeo divulgado nas redes sociais.
O Corpo de Bombeiros de São Leopoldo confirmou as ocorrências. Uma das vítimas é um homem de 23 anos, que levou um choque elétrico. O outro teve o carro arrastado pela correnteza de um riacho e não resistiu.
Sapiranga
O município sofre com enchentes provocadas pelo temporal. Na madrugada desta sexta-feira, o alagamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas de Sapiranga levou o Corpo de Bombeiros local a resgatar duas pessoas com botes. Os pacientes foram encaminhados para o Hospital Sapiranga.
A prefeita, Carina Nath, afirma que os atendimentos de urgência e emergência na cidade estão sendo realizados no Hospital Sapiranga e nos postos de saúde. A prefeitura alerta que precisa de doações de colchões, cobertores, alimentos e água para atender às famílias afetadas, na Secretaria de Assistência Social do município.
No fim da tarde de sexta-feira, a prefeitura de Sapiranga decretou situação de emergência na cidade. Segundo a prefeitura, entre quinta e sexta-feira, a região registrou quase 200 milímetros de chuva o que provocou alagamentos nos bairros Centro, Centenário, Porto Palmeira e Floresta. Também houve deslizamentos de terras nas localidades de Picada São Jacó e Picada Verão.
Litoral Norte
Maquiné
Um dos municípios mais afetados pela chuvarada, Maquiné contabilizou 250 milímetros de chuva em 24 horas até as 6h desta sexta. Para toda a região, a média normal de chuva em junho varia de 140 a 180 milímetros. Segundo informações da Defesa Civil, há uma morte confirmada, de um homem de 69 anos que estava dentro de casa com a esposa e a sogra, no bairro Mundo Novo, quando ocorreu um deslizamento de terra. As mulheres estão desaparecidas.
O prefeito disse, na noite de quinta-feira (15), que "80% da cidade ficou ilhada" após cheias de rios. Além das pessoas fora de casa, há problema nos acessos aos municípios em razão dos alagamentos. A reportagem de GZH flagrou pontos com alagamentos, inclusive gados com parte do corpo submerso em campo às margens da BR-101.
Santo Antônio da Patrulha
Em Santo Antônio da Patrulha, 45 pacientes idosos de uma casa geriátrica foram retirados às pressas por 11 funcionárias e vizinhos. O córrego que fica a poucos metros do local, por conta da chuva, subiu rapidamente. A água tomou conta da clínica.
Até as 6h30min, a Defesa Civil não tinha registro de feridos entre as 86 pessoas resgatadas ilhadas em suas casas. A chuvarada fez com que o Arroio do Carvalho, que marca o limite entre Santo Antônio da Patrulha e Caraá, transbordasse na noite de quinta-feira, arrastando pontes e deixando trabalhadores isolados.
Segundo relatos de moradores de uma casa na margem do arroio, foi a maior cheia do córrego em pelo menos 46 anos.
Caraá
O prefeito de Caraá confirmou o desaparecimento de oito pessoas em função das fortes chuvas que afetam o Estado. Segundo Magdiel Silva, três equipes do Corpo de Bombeiros realizam buscas.
O prefeito diz que 200 pessoas estão desabrigadas, e que o temporal destruiu e alagou vários pontos do município. Silva definiu a situação como o "maior desastre da história do município."
Região Metropolitana
Porto Alegre
Diversas vias da zona sul da Capital registraram alagamento e quedas de árvores na manhã desta sexta-feira. Também houve relato de semáforos fora de de operação em vários pontos da cidade.
O problema também afeta a área de saúde. Segundo a prefeitura, nove unidades de saúde estão fechadas. Não há previsão de retorno às atividades normais nesta sexta-feira.
A maior parte das demais unidades enfrenta problemas de falta de energia elétrica ou internet, mas segue recebendo o público para escuta e orientação. O atendimento está restrito a casos graves.
Rodovias
O temporal causa uma série de transtornos em diferentes pontos do Estado, principalmente no Litoral Norte e na Serra. Entre os problemas registrados, havia bloqueios em pelo menos 15 pontos de rodovias estaduais, até as 18h. Um dos principais problemas é registrado na BR-116 nos municípios de Sapucaia do Sul, Dois Irmãos, Morro Reuter e Caxias do Sul. Também tem problema nas BRs 101 e 470.