A clinica geriátrica Amor de Família, em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, uma das regiões mais afetadas pela passagem do ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, foi invadida por uma enxurrada de barro e água, entre a noite dessa quinta-feira (16) e a madrugada desta sexta-feira.
Quarente e cinco pacientes idosos foram retirados às pressas por 11 funcionárias e vizinhos ao longo de quatro horas. O córrego que fica a poucos metros da casa, por conta da chuva, subiu rapidamente. A água tomou conta do clínica. Os idosos eram colocados no andar de cima para permanecerem secos. Móveis e eletrodomésticos ficaram em segundo plano, e foram cobertos pela água.
— Subiu muito rápido. Aqui dentro eram duas segurando os sofás boiando para não bloquear as portas e as outras amparando os pacientes. O mais importante é que todos estão bem — conta Marciana Machado, administradora da geriatria que existe há 10 anos.
Por volta das 6h da manhã a chuva havia parado, mas o vento não. Os 15°C no termômetro não incomodavam Ana Oliveira e a colega Lézia Silva, que tinham os pés desprotegidos da camada úmida que cobria o piso — algumas lajotas quebradas por infiltrações. Os sapatos dela foram para pés de pacientes que perderam os próprios no alagamento.
— Ainda estamos em choque. Daqui a pouco vamos parar, nos aquecer e pensar no que acabou de acontecer — diz Ana Oliveira, emocionada.
Dos 45 pacientes, apenas quatro estavam em quartos mais altos que não foi invadido pela água. Estes seguiam dormindo com cobertores e roupas secas. O restante recebeu acolhimento no hospital da cidade, em um ginásio, casa de parentes e em um hotel.
— Quando saí de casa pra vir aqui tinha água pingando do forro. Agora há pouco me mandaram foto do meu carro com água até a maçaneta da porta. Chegando lá viu ver o que faço — complementa Lezia, fisioterapeuta da instituição.
Até as 6h30min a Defesa Civil não tinha registro de feridos entre as 86 pessoas resgatadas ilhadas em suas casas. Na avenida central, lojistas varriam o barro do chão antes mesmo do sol nascer. Por ruas menores era possível ver o rastro de lodo e vegetação que percorreram quadras se misturando a utensílio pessoais, como tênis, roupas e brinquedos, que não foram salvos da enxurrada.
Em Maquiné, também no Litoral Norte, famílias também tiveram as suas casas invadidas pela água do rio que banha a cidade. Segundo a Climatempo, foram registrados cerca de 250 mm de chuva nas últimas 24 horas.
O prefeito da cidade, João Marcos Bassani dos Santos, fez um apelo aos moradores para que se abriguem em locais altos para se proteger dos alagamentos que atingem a cidade desde a noite dessa quinta-feira (15).
— Oitenta por cento da cidade ficou ilhada. As pessoas subiram nos telhados. Já tínhamos feito um planejamento ontem à tarde devido às previsões. Agradeço aos bombeiros que vieram nos ajudar — disse o prefeito em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha, na noite dessa quinta-feira.
O governador Eduardo Leite informou que a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Brigada Militar estão mobilizados para dar a assistência e o apoio às comunidades mais afetadas pelas fortes chuvas.