O coronavírus transformou lares em um misto de escritório, sala de aula e espaço de lazer. Se antes pais e filhos estavam juntos em momentos esporádicos do dia, há três meses a convivência é integral e intensa. Em meio à rotina de teletrabalho daqueles que podem ficar em casa, há o compromisso de mentorar os pequenos nos exercícios e tarefas escolares — o que nem sempre é fácil.
Pâmela Dutra, psicóloga e psicopedagoga, pontua que uma palavrinha simples pode ser uma grande aliada nessa travessia:
— Uma rotina precisa ser estabelecida. As crianças precisam de organização para se sentirem seguras, ou o dia delas fica muito desorganizado e elas, ansiosas, por não saberem o que farão. Ao delimitar um horário de estudos e um momento de maior foco, o processo de aprendizagem fluir melhor.
Confira sete dicas:
1) Prepare o ambiente
Tente criar uma rotina de estudos dentro daquilo que a criança já estava acostumada. Se ela estudava de manhã, reserve este momento para as tarefas. Desligue a televisão, arranje um lugar de estudo com mesa, cadeira e deixe todos os materiais escolares por perto. Isso criará o clima de escola.
2) Questione
Procure conversar com seu filho para saber o que ele entendeu do texto lido ou que linha de raciocínio seguiu para chegar a determinadas respostas. Katia Flores, especialista em Mídias da Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professora da rede municipal, comenta:
— Isso ajudará a identificar equívocos e a saber se ele fez uso de artifícios para encontrar o resultado final.
3) Tranquilize
Tente não dar a resposta durante a realização das tarefas. Caso a criança demonstre nervosismo por não saber o que fazer, tranquilize-a, retome o enunciado, busque mudar a forma como o exercício foi proposto e, se for o caso, faça um intervalo.
4) Não tente ser professor
Os pais podem dar suporte no que eles sabem. Quando chegarem no seu limite, busquem valorizar as trocas de saberes que seu filho pode fazer com os coleguinhas por meio de chamadas de vídeo, diz Kátia:
— As crianças entre quatro e 10 anos são mais sociáveis e precisam da parceria de seus pares na construção do conhecimento, porque é assim em sala de aula. Eles se ajudam constantemente. Ao fazer uso deste artifício, os pais ajudam os filhos a manter contato e também a aprender.
5) Não seja muito rígido
Se a criança demonstra muitos sinais de desatenção durante uma tarefa, dê uma pausa, de 40 minutos, e volte a ela posteriormente. Respeitar os limites dos pequenos e como eles se sentem é crucial, reforça a psicóloga e psicopedagoga Pâmela:
— Nesse intervalo, opte por brincadeiras mais lúdicas que estimulem a criatividade (veja abaixo). E é normal a criança não concluir as tarefas do dia, basta lembrar que, certamente, em algum momento ela trouxe atividades da escola para fazer em casa — observa ela.
6) Não faça da casa a escola
Não tente impor o mesmo ritmo da escola. Antes, havia contato com diferentes professores, colegas de aula e disciplinas. Por isso, era mais fácil ficar até cinco horas dentro do colégio, pontua Kátia:
— Em casa, o cenário é sempre o mesmo, não há dinamicidade. Opte por doses de até duas horas de orientação guiada, se necessário, com intervalos. Respeite o tempo da criança e procure validar seus sentimentos em relação ao processo de aprendizagem. Não force, aprender não pode ser sinônimo de sofrimento.
7) Explique
Converse com os pequenos não somente sobre a covid-19, mas o que ela implica — não poder sair, visitar os amigos, os avós etc. O fato de só ficar em casa pode ser encarado como uma espécie de castigo, e a manha para fazer as tarefas da escola pode aumentar. Então, explique que, assim como ela, todo mundo está em casa se protegendo.
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Para aproveitar os intervalos
Como tornar o recreio da educação em casa divertido e instrutivo:
- Plante – Ao incentivar o cultivo de uma hortaliça ou planta, a criança adquire senso de responsabilidade e tem a oportunidade de acompanhar o crescimento de algo. Além disso, os pequenos amam trabalhar com as mãos.
- Bafo afro – A professora gaúcha Perla Santos criou um baralho com diversos heróis e heroínas negros da história brasileira. Os participantes devem espalmar as cartas, quem tiver mais cartas ao final da partida, vence. As cartinhas são educativas, pois explicam quem são aquelas personagens. Confira neste link.
- Construa – Material reciclado é ouro para quem tem filho pequeno. Garrafas pet, caixas, tampinhas e retalhos de pano podem dar vida a bonecos, coelhos, carrinhos e a tudo o que a imaginação permitir.
- Pega-varetas – Pinte palitos de churrasco com seu filho. Uma vez secos, jogue pega-varetas. Essa brincadeira estimula a atenção, concentração, coordenação e resolução de problemas.
- Jogos de tabuleiro – Desenvolvem o raciocínio lógico, aumentam o nível de concentração, despertam características, como a socialização, noção de cooperação e honestidade.
- Viagens do Tambor – É um jogo de tabuleiro educativo lançado pelo Museu da UFRGS. Na partida, os jogadores são apresentados às marcas da presença do negro na cidade de Porto Alegre e passam por lugares de relevância histórica dessa população. Baixe aqui e monte seu jogo.
Cinco sites bacanas
- Escola Games – Plataforma com mais de 90 atividades educativas sobre Português, Matemática, Estudos Sociais, Meio Ambiente etc.
- Smart Kids – Site infantil com jogos, atividades educativas e desenhos para colorir.
- Sesi Educação – Aqui são ofertadas milhares de ferramentas que podem facilitar o processo pedagógico. São disponibilizados simuladores, jogos, infográficos e vídeos.
- Eu leio para uma criança – Neste portal, há vários livros infantis digitais para os pais lerem para seus filhos. As histórias são animadas, têm trilha sonora e oferecem interatividade.
- Ensinar História – Há uma grande concentração de jogos educativos sobre a história do Brasil e de outros países.