Um dos efeitos mais imediatos da pandemia do novo coronavírus no futebol da Europa, depois da suspensão de quase todos os campeonatos (Belarus é a exceção), foi a preocupação dos clubes com suas finanças.
Vários alardearam que, se os jogadores não concordassem em reduzir seus salários temporariamente, haveria enorme dificuldade para manter a solvência, já que receitas com ingressos, TV, patrocínios e merchandising serão fortemente afetadas.
O FC Sion, duas vezes campeão nacional na Suíça, demitiu nove jogadores — ou um terço do elenco principal — que se recusaram a ter o salário diminuído.
Três deles disputaram Copa do Mundo: o zagueiro suíço (nascido na Costa do Marfim) Johan Djourou, o volante camaronês Alexandre Song, ambos ex-Arsenal, e o atacante marfinense Seydou Doumbia.
Também tiveram os contratos rescindidos Ermir Lenjani, Xavier Kouassi, Mickaël Facchinetti, Birama Ndoye, Pajtim Kasami e Christian Zock.
— Não há por que manter jogadores que se recusam a se empenhar quando todo mundo está se empenhando. Eu lhes disse que a redução no salário deles seria praticamente o salário de duas ou três enfermeiras trabalhando duro hoje para salvar vidas — afirmou o presidente do Sion, Christian Constantin.
O Sindicato dos Jogadores de Futebol da Suíça considerou incorreta e ultrajante a atitude do clube.
— Não é aceitável esse tipo de comportamento. Se uma crise aparece, você tem que dar apoio aos seus funcionários -e não apontar um revólver para a cabeça deles, lhes dizer que têm 24 horas para decidir sobre uma redução salarial e, se eles se recusam, dispensá-los. Isso é um afronte — declarou Lucien Valloni, que preside o sindicato.
Ele ressaltou que os jogadores, mesmo sem jogos, continuam a treinar em casa, individualmente. A Fifa tem recomendado a clubes e atletas que cheguem a acordos amigáveis em relação à questão salarial durante o período da pandemia.
Alemanha
Na Alemanha, Borusssia Mönchengladbach e União Berlim, este promovido nesta temporada à divisão de elite do campeonato nacional, anunciaram que seus atletas aceitaram abrir mão dos salários no caso da equipe da capital, integralmente.
Atletas de Bayern de Munique e Borussia Dortmund, os dois principais times da Bundesliga, terão corte, consentido, de 20% em seus vencimentos.
Espanha
Na Espanha tem havido resistência. O elenco do Barcelona dividiu-se em relação à medida, e o clube a impôs unilateralmente, abrindo margem para atritos com Messi e companhia.
Atlético de Madrid e Espanyol também reduzirão os ganhos dos seus futebolistas independentemente de eles concordarem.
— Há um único objetivo: assegurar a sobrevivência do clube — justificou Miguel Ángel Gil Marín, diretor-executivo da equipe madrilenha.
Itália
A Juventus, atual octocampeã, acertou-se com o elenco, e a economia com salários será, no período de quatro meses, de 90 milhões de euros (R$ 512,7 milhões).
Inclusive Cristiano Ronaldo aceitou colaborar: o português sacrificou 3,8 milhões de euros (R$ 21,7 milhões) de seu recebimento anual, que é, segundo o LÉquipe, de 54 milhões de euros (R$ 307,6 milhões).