A operação desencadeada para coibir a atuação ilegal de colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) apreendeu um artefato antitanque, geralmente usado em conflitos entre forças militares. O projétil de obus foi localizado na casa de um dos 41 alvos durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em Três de Maio, no noroeste do Rio Grande do Sul. O homem não estava no local e ainda não foi localizado.
A Operação Desarme prendeu quatro pessoas em flagrante e confiscou 93 armas e 10,3 mil munições. Na mesma casa onde estava o artefato antitanque, também foram apreendidas 12 armas, pólvora e espoletas. O material foi detonado ainda na terça-feira (17), em meio a uma lavoura, em procedimento que se estendeu por 10 horas, das 9h30min às 19h30min. A explosão foi conduzida pelo Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar, com auxílio do Samu e do Corpo de Bombeiros.
Desde as primeiras horas da terça-feira, 280 agentes saíram às ruas de 34 municípios gaúchos e um catarinense para cumprir 82 mandados de busca e apreensão. O objetivo da investigação é descobrir se os CACs estão se valendo de registros falsos de idoneidade para desviar armas e munições para facções do crime organizado. Dois alvos estavam cumprindo pena no sistema prisional. Outro é suspeito de trocar tiros com policiais penais dentro do Hospital Vila Nova, em Porto Alegre, durante tentativa de assassinar um presidiário que recebia atendimento no local
A apuração teve origem em uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no sistema de controle de armas e munições do Exército. Ao menos 12 falhas sucessivas na concessão dos registros foram identificadas pelos técnicos do tribunal. A Procuradoria de Justiça Militar em Santa Maria teve acesso aos dados e, vasculhando o material, detectou cerca de 700 CACs gaúchos com condenação criminal e mais de cem com mandados de prisão expedidos contra si.
Um grupo de trabalho reunindo as três procuradorias militares do Estado depurou os dados. Esta primeira fase da operação foi deflagrada em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.