Um mulher bem-vestida, com idade entre 30 e 40 anos, de cabelos pretos e longos, com tatuagens nos braços, entra em uma loja no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, em busca de peças de roupa. Ela conversa com uma atendente, demonstra interesse por produtos e em seguida sai, aparentemente sem levar nada. Ela leva consigo, no entanto, o celular da lojista, furtado em um momento de distração.
O caso aconteceu no dia 3, com a empresária Roberta Ribeiro, 47 anos, mas são ao menos outras cinco vítimas do mesmo tipo de ação desde o mês passado, no mesmo bairro. Comerciantes dizem que há muitos outros casos, com relatos desde outubro de 2018.
— Antes de atender ela, eu a ouvi dizer “não tem ninguém aqui”, e entrei. Conversamos, ela experimentou as peças e começou a ir de arara em arara, o que me deixou até tonta. Ela ainda alegou que precisava sacar o dinheiro porque o telefone estava quebrado. Quando eu vi, ela tinha saído para “sacar”, mas tinha levado o meu celular — conta Roberta.
Em ao menos parte do casos, alguns deles registrados por câmeras de segurança das lojas (veja as imagens abaixo), a suspeita é a mesma mulher, que é chamada pelos empresários de "a ladra do Moinhos". Ela ainda não foi identificada, mas sempre se apresenta como "Júlia", e em algumas situações informaria até um CPF, possivelmente falso.
Após ter o celular furtado, a comerciante Roberta Ribeiro procurou a 3ª Delegacia de Polícia Civil (3ª DPPA). Com ajuda do filho, conseguiu rastrear o aparelho, encaminhando os endereços à polícia. Pouco tempo depois, porém, o rastreamento do celular foi desativado.
Os demais casos relatados por empresários também foram registrados junto à 3ª DPPA. A delegada Rosane de Oliveira confirma que são ao menos seis registros desde novembro e que investiga os furtos. As imagens das câmeras de segurança já estão com a polícia e serão usadas para identificar a suspeita.
Óculos no decote
Recentemente, o empresário Guilherme Heller, 40, foi vítima da ação da mulher, que furtou dois óculos na loja da qual ele é dono. Uma funcionária suspeitou do comportamento da suposta cliente e pediu que Heller checasse as imagens das câmeras (que podem ser vistas acima). A criminosa havia colocado dois óculos dentro da blusa, enquanto a atendente buscava um produto no estoque.
— Ela veio até o caixa com os óculos que estava experimentando, devolveu, atendeu um telefone em que alegou urgência porque o marido estava com o carro na área azul (estacionamento rotativo pago) e sem o ticket. Depois, vimos nas câmeras que ela furtou os dois óculos — contou Heller.
Em um caso anterior, em 2023, a mulher teria furtado um celular em um salão de beleza da Rua 24 de Outubro, onde também se apresentou como Júlia, supostamente a fim de agendar um atendimento. Após fazer um cadastro, ela pediu para usar o banheiro e, quando ia embora, levou um telefone que estava em uma bancada e pertencia a uma cliente. A vítima moveu uma ação contra o estabelecimento.
— A situação é complicada porque o dono não tem culpa, mas o processo está em andamento por conta desse furto. Quando vimos pessoas compartilhando nas redes sociais que haviam sido vítimas, nós identificamos que a mulher era a mesma, além de que usava o mesmo nome, Júlia, durante os cadastros — relata a advogada Thaís Salvadori, que representa o proprietário do salão.
A Brigada Militar confirma ter conhecimento do caso na ótica de Heller e de um outro furto com a mesma suspeita, em uma loja da Rua Mostardeiro, de onde a mulher teria saído em um Voyage branco.
O subcomandante do nono Batalhão da Brigada Militar (9° BPM), major Demian Riccardi Guimarães, afirma que a polícia militar trabalhará em conjunto com a Civil para localizar a suspeita.
Caso a mulher seja vista e reconhecida, a Polícia Civil orienta que seja feita denúncia, que pode ser anônima, pelo telefone 51 98464-3032.