Imagine o seu time ganhar um campeonato e não receber taça alguma pela conquista. Foi exatamente isso que aconteceu com o Grêmio na Supercopa do Brasil de 1990. Criada pela CBF naquele ano, a competição foi disputada pelo Tricolor, campeão da Copa do Brasil de 1989, e pelo Vasco, campeão brasileiro do ano anterior. A Supercopa durou apenas mais um ano e depois foi extinta. Em 2020, ela retornou e teve o Flamengo como vencedor.
Por questão de conflito de datas, a solução encontrada pela CBF foi utilizar a soma dos confrontos entre Grêmio e Vasco pela Libertadores para conhecer o vencedor, já que os dois clubes se encontrariam automaticamente na fase de grupos da competição.
O primeiro jogo foi marcado para o Estádio Olímpico, em Porto Alegre, no dia 14 de março. Antes do jogo, torcedores gremistas passaram sufoco. O Banco Central, um dia antes da posse de Fernando Collor como presidente, decretou feriado bancário no país, o que fez com que os torcedores pagassem os ingressos com cheques.
No jogo de ida, diante de 37 mil pessoas e depois de 30 minutos de apagão no estádio, vitória gremista por 2 a 0 com gols de Nilson, de cabeça, após cobrança de escanteio, e de Darci, com um chute da entrada da área. À época, o time era treinado por Paulo Sérgio Poletto.
— Sabíamos que era um jogo de Libertadores, não sabíamos que valia título. Ninguém nos avisou, sabíamos que tínhamos de ganhar para fazer uma boa campanha na Libertadores, mas não que valia alguma coisa além disso. Entrei normalmente para conseguir os três pontos. Eu fiz um gol, e o Darci fez outro — conta Nilson. — No jogo da volta, ninguém comemorou nada, saímos de campo normalmente. Esses dias, até comentava com o Tita, que jogava no Vasco, e ele disse que também não sabia. Agora, depois de tanto tempo, não dá para comemorar direito (risos). Seria um título importante. Nos sentimos campeões agora, mas não tem aquele peso da comemoração, da chegada no Salgado Filho com a torcida esperando — resume.
Para o jogo de volta, mais de um mês depois da primeira partida, o Grêmio tinha até trocado de técnico: Evaristo de Macedo assumiu. No Estádio São Januário, empate em 0 a 0 e título para o Tricolor. Só faltou a taça, que o Grêmio, depois de 30 anos, segue reivindicando à CBF. Não existe versão oficial para a entrega não ter sido feita.
Ficha da final
Vasco 0x0 Grêmio - Estádio São Januário - 14/04/1990
Vasco: Acácio; Luís Carlos Winck, Célio, Zé do Carmo e Mazinho; Andrade, Tita, Boiadeiro e Bismark; Bebeto e Roberto Dinamite.
Técnico: Alcir Portella.
Grêmio: Mazaropi; Alfinete, Vilson, Luís Eduardo e Hélcio; Jandir, Lima, Cuca e Darci (Nando); Nílson e Paulo Egídio.
Técnico: Evaristo de Macedo.