Por Adriano de Carvalho e Luís Henrique Benfica
Se tomar o desempenho geral como critério, Renato Portaluppi encontrará dificuldades em escolher entre Fernandinho e Everton como titular para o jogo desta quarta-feira, em Campinas, contra a Ponte Preta, e também para a decisão da Libertadores. São as atuações mais recentes que fazem do cearense de 21 anos, apelidado de Cebolinha, o favorito nesta disputa.
Foi com Everton em campo, a partir dos 11 minutos do segundo tempo do jogo de volta contra o Barcelona-EQU, que o Grêmio livrou-se um pouco da letargia daquela noite, em que saiu derrotado de campo. Mas foi na virada sobre o Flamengo, domingo, que ele credenciou-se de vez diante de boa parte dos torcedores como o substituto ideal de Pedro Rocha. Nas duas partidas, ele entrou justo no lugar de Fernandinho.
O desempenho entre os dois se assemelha em alguns números. Everton tem 11 gols, contra 10 de Fernandinho. Tem 33 finalizações certas contra 30 do concorrente, mas é superado por este no número de passes certos. Volta a ganhar nas assistências, sete a quatro.
Figura decisiva para o tetra do Grêmio na Copa do Brasil 2001, Luís Mário entende que o momento de Everton recomenda sua titularidade na equipe. Além dos dois gols sobre o Flamengo no domingo, o ex-atacante lembra que na campanha do penta do torneio, no ano passado, Everton teve participação importante nas quartas de final, definindo o empate com o Palmeiras no Allianz Parque, que garantiu a classificação para a fase seguinte.
— Everton é um jogador extremamente decisivo, tem estrela e cresce em final de campeonato. O Fernandinho é bom jogador, mas não vive um bom momento. É hora de o Renato dar confiança ao Everton para que ele tenha uma boa sequência —avalia Luís Mário.
Ex-coordenador técnico do Grêmio, Valdir Espinosa entende que Fernandinho sairia em vantagem se a disputa fosse pelo lado direito do campo, e não no esquerdo. Ao falar em papel tático, não vê muitas diferenças entre os dois jogadores.
— Todos sabem que Fernandinho rende melhor pelo lado direito, por puxar a bola para dentro e abrir o ângulo para chutar de esquerda. Everton faz o contrário pelo outro lado. Como o que se busca é um substituto para Pedro Rocha, que atuava pela esquerda, é natural que esteja em vantagem — entende.
O analista tático Gustavo Fogaça entende que ambos podem atuar juntos, em um esquema 4-2-3-1 mais ofensivo. O problema, destaca, é que a retirada de Ramiro poderia desestruturar uma mecânica que tem dado certo. A exemplo de Espinosa, Fogaça vê Fernandinho com melhor aproveitamento pela direita. E elogia em Everton a capacidade de ser a válvula de escape para o ataque.
— Pela manutenção do bom ambiente no grupo, Renato deve priorizar a confiança que construiu com Fernandinho. Quando precisava dele, o atacante correspondeu. E não será agora, em uma grande final, que ele ficará de fora — acredita.